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Acabou o papel!

"ACABOU O PAPEEEELLL!" Quando um grito assim ecoa pela casa todos sabem que a coisa é séria. Isso se existir mais alguém por perto, caso contrário a situação passa de séria para extremamente grave. Como fazer sem papel? Não há como.

Uma coisa é certa: só damos conta da falta que o papel faz quando ele faz falta. E nem imaginamos o caminho que ele percorreu até chegar à nossa... digamos assim, impressora. E nem nos damos conta do tanto de tecnologia envolvida no processo para evitar que ele fure, rasgue ou deixe a tinta sujar nossos dedos.

Parece que foram os chineses que inventaram a tecnologia de fabricação do papel, mas naquele tempo o papel ainda não vinha em rolos, só em folhas soltas. Também foram os chineses que tiveram a idéia de imprimir em papel, pois até então as impressões eram feitas em placas de argila. Eu já tinha ouvido falar em folha de bananeira e casca de espiga de milho, mas placa de argila? Ai!

Também foi um chinês que pensou em outros usos para o papel, além de ler, escrever e embrulhar. Ele levou o uso do papel ao extremo. Em um comentário datado do sexto século, Yan Zhitui conta em detalhes como usou em sua impressora as folhas de um livro que não lhe agradou. Além dessa forma inovadora de usar o papel, ele bem que merecia ser lembrado também como o "Pai da Reciclagem".

Depois dos chineses o papel foi usado também por japoneses e árabes, mas não o mesmo papel. Cada um tinha o seu, fabricado e usado do seu jeito. Mil anos depois de sua invenção o papel se popularizava na Europa, onde também surgia a tecnologia de fabricação contínua.

Agora vem uma pergunta difícil. Quem você acha que inventou o papel moeda? Isso mesmo, os chineses. Como não queriam esperar pela invenção do cartão de crédito, para viajar com pouca bagagem eles decidiram criar a primeira cédula, cujo valor equivalia a três quilos e meio de moedas. Por tabela eles acabaram inventando também a inflação.

Outro dia eu disse a alguém que o papel era feito do tronco das árvores e o sujeito riu. Ele até acreditaria se eu dissesse que vinha das folhas, mas do tronco? Impossível! Como algo tão áspero, sólido e pesado poderia se transformar em uma folha leve, suave e flexível? Com tecnologia, oras!

Do tronco da árvore é extraída a celulose que é transformada em papel. Nunca viu celulose? Viu sim. Já abriu uma fralda descartável para ver o que tem dentro? Aquela outra coisa é celulose.

É também com celulose moída e borrifada que Hollywood faz nevar nos filmes sem o artista correr o risco de ficar resfriado. Na próxima festa de Natal da empresa experimente rasgar uma fralda em frente ao ventilador para criar um clima europeu. Seu chefe vai ficar impressionado e você vai se sentir na Sibéria.

Por ignorarmos o quanto de história e tecnologia existe por trás da fabricação do papel, nós o gastamos como se crescesse em árvores, como costumamos falar do dinheiro. O curioso é que existe sim uma árvore chamada "Árvore do Dinheiro". A "Dillenia indica" chegou ao Brasil vinda da Índia trazida por ordem de D. João VI, que costumava encaixar moedas sob as pequenas calotas que formam a casca do seu fruto. Daí o seu nome popular.

Ou você pensou que ela dava dinheiro? Não dá, e nem aconselho que tente usas suas folhas para imprimir. Na Índia elas são usadas como lixa para madeira. Vai arruinar sua impressora.

Mario Persona é palestrante de comunicação, marketing e desenvolvimento profissional. Seus serviços, livros, textos e entrevistas podem ser encontrados em www.mariopersona.com.br

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3 comentários:

  1. Passando para ler seus textos maravilhosos!!!e deixando um super abraço.
    Nicinha

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  2. Bom, aconselho a revisar sempre antes de usá-lo... para não ter a surpresa e gritar: "Não tem papeeeeeeeeeeeeell...

    abraços/Laura

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