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A quinta letra

"Sou gerente de comunicação do YouTube e estamos organizando um bate-papo com poucos internautas brasileiros para saber o que pensam do site, o que mais usam, e como a experiência poderia ser melhorada. Seu nome foi selecionado entre milhões de usuários..."

Minha primeira reação foi verificar se o email era verdadeiro. Afinal, ele chegou na mesma caixa postal que recebe todos os dias convites para sacar milhões de dólares de uma conta na Nigéria. O do YouTube era genuíno.

O convite era uma verdadeira aula do conceito AIDA de comunicação: Attention, Interest, Desire and Action. Ok, o acrônimo também dá certo em português, mas achei que no original ficaria mais chique.

Ao se apresentar como gerente de comunicação do YouTube, ele chamou minha ATENÇÃO, o "A" do AIDA. Ao pedir minha opinião, acertou em cheio o "I" de meu INTERESSE. Quem é que não gosta de dar opinião, falar de suas vitórias ou cicatrizes? Todo bom vendedor sabe que não vende se ficar falando de si, de seu produto ou serviço, mas interessando-se pela opinião do cliente, suas necessidades, DESEJOS... Epa! Olha o "D" aí!

Babei saliva. Afinal, meu nome tinha sido escolhido dentre milhões de usuários. MILHÕES, grande assim! Bem, até que fazia sentido, já que só meus vídeos da "TV Barbante" são vistos 2 mil vezes por dia e passaram de 1 milhão desde 2006. "O Evangelho em 3 minutos", com mil views diários, está batendo nos 300 mil com apenas 14 meses de vida.

Faltava a última letra do AIDA, que foi logo cravada com a frase: "O número de vagas é extremamente limitado e é necessário confirmar presença". Urgir por uma resposta funciona até para quem nunca viu tal verbo. O "A" de AÇÃO que faltava para eu tomar uma decisão estava bem ali. O que você teria feito em meu lugar?

Pois é, eu também não estava disposto a viajar 150 quilômetros até São Paulo só para contar o que penso do YouTube. Minha opinião podia muito bem ir por email ou vídeo, só para ficar no contexto. Antes que eu me decidisse por não ir, minha ATENÇÃO, INTERESSE, DESEJO e AÇÃO foram adrenalizados (não adianta procurar, o verbo não existe) pela quinta letra de AIDA. Também não adianta procurar.

Em comunicação, aquilo que você não diz pode ser mais potente do que toda a sua verborragia (que lembra hemorragia) ou verborréia (...). O silêncio aturde. Se você duvida é porque sua esposa nunca fez greve de palavras. Devia ter algo mais. A quinta letra, a letra que faltava, criou ansiedade em mim. As reticências eram tão instigadoras que respondi imediatamente confirmando presença. Eu teria de viajar a São Paulo de qualquer maneira para pegar um vôo para a Bahia.

No dia seguinte, vinte e poucos youtubers, jornalistas e funcionários da Google ocupavam a sala, e a soma de suas idades não chegava à minha. Quase podia adivinhar seus pensamentos quando me fitavam: "Será que já existia Internet no tempo desse dinossauro?!".

Minha suspeita se confirmou: havia sim algo mais. O bate-papo era com o próprio Chad Hurley, um dos criadores do YouTube. A reunião foi uma verdadeira Babel que ia do inglês ao portunhol, passando pelo "the book is on the table". Quando chegou a minha vez, vi que faltavam dois segundos para o encontro terminar. Dada a escassez de tempo, decidi começar pelo "A" de AIDA e chamar a atenção:

- Meu nome é Mario Persona, sou palestrante, escritor e consultor, e uso o YouTube para ganhar dinheiro.

Como eu previa, o burburinho foi geral. "Show us the money!", gritou alguém. Então, com toda a atenção cravada em mim, contei ao Chad Hurley e aos youtubers como ganho dinheiro com o YouTube.


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Você é Jovem, Velho ou Dinossauro?
Ignacio De Loyola Brandao
Como cronista do jornal O Estado de S. Paulo, Ignácio de Loyola Brandão algumas vezes usou seu espaço para provocar o leitor, questionando-o sobre coisas do passado. Você chegou a tomar Grapette? Lembra do dropes Dulcora? Sua mãe usava cera Parquetina ou Dominó? Toda essa brincadeira com coisas do passado - distante para uns e próximas para outros - é o que nós habituamos a chamar de "cultura de almanaque".
Cada vez que Loyola publicava sua coluna nesses moldes, recebia de amigos e de leitores uma infinidade de mensagens, lembrando fatos, jingles, imagens que dariam para montar tantas outras colunas com curiosidades e brincadeiras para mexer com a memória do leitor.

Como é costume do autor, todo esse material foi guardado e transformado no Você é jovem, velho ou dinossauro?, livro que a Global Editora acaba de levar às livrarias e que traz uma programação visual bem parecida ao dos antigos almanaques, publicados, no Brasil, desde o início do século passado.
O título do livro não engana: a proposta dos testes é saber se o leitor é jovem, velho ou dinossauro. O autor convida: "Descubra com este livro. Testes para saber se sua memória é uma coisa, mas suas lembranças podem ser outras, mostrando que você é mais jovem, mas também pode ser mais velho do que imagina". Ainda, segundo Loyola, "a memória tem mecanismos próprios e age segundo sua própria vontade. Lembro-me de uma coisa de uma maneira, você de outra, o terceiro de uma versão diferente. Pensamos que nos conhecemos, pensamos que temos certa idade. Este livro mostra que podemos ser mais jovens. Fatos que pareciam distantes estão perto".
Você é jovem, velho ou dinossauro? é um almanaque de pequenas recordações guardadas no fundo da nossa memória e que, de repente, com muita alegria nos deparamos com elas.
Daqui a algum tempo, a geração que está nascendo agora irá dizer que iPod, MP3, laptop, link, webcam, câmera digital, celular com internet, palmtop são coisas do passado e quando eles estiverem fazendo essa afirmação outros almanaques estarão aparecendo - ou não -, mas terão sempre a intenção dos almanaques de hoje que é de divertir e ter muito assunto para não deixar a conversa acabar.
Editora: Global
Autor: IGNACIO DE LOYOLA BRANDAO
ISBN: 9788526012905
Origem: Nacional
Ano: 2009
Edição: 1
Número de páginas: 176
Acabamento: Brochura
Formato: Médio



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E a gorjeta, doutor?

Sou tecnobrega

Veja você, eu era tecnobrega e não sabia! Não sabe o que é tecnobrega? Trata-se de uma grande sacada para a produção, promoção, venda e distribuição de conteúdo artístico e intelectual. Coisa de Brazil com “z” na literatura lá fora.

Junte tecnologia, pirataria, mau gosto e criatividade, bata com muito ritmo, e o tecnobrega está pronto pra inglês ver. O modelo de negócio é citado no livro “Free - O futuro dos preços”, por Chris Anderson, editor-chefe da revista Wired e também autor de “A Cauda Longa”. A versão em áudio do livro “Free” é... FREE!

A idéia não é nova. Há dez anos escrevi sobre o que aprendi com Kevin Kelly, co-fundador da Wired, que também entrevistei na época. Funciona assim: quanto mais rara a coisa é, mais cara. Por outro lado, quanto mais abundante, mais o seu preço tende a zero. ZERO! Respire fundo e você vai entender.

Quando alguns artistas paraenses perceberam que o atual modelo de distribuição de música estava no bico do corvo, decidiram inovar. No passado o artista só ganhava quando tirava a viola do saco, porém a tecnologia permitiu que ele e a viola ficassem em casa, enquanto a música viajava e faturava no som gravado.

E foi nesse céu de brigadeiro que a indústria fonográfica voou enquanto a tecnologia de gravação e distribuição estava restrita a quem podia pagar por ela. Mas alegria de rico também dura pouco, e a abundância tecnológica fez esse custo tender para... ZERO!

Isso mesmo, não custa nada para o carinha copiar a música e passar para trocentos amigos na Internet. A mesma tecnologia que mandou o artista enfiar a viola no saco e ficar em casa, avisou que agora é hora de cair na estrada, como no tempo dos menestréis. É mudar ou morrer.

Tecnobrega é a alternativa viável para os novos tempos. O músico grava seu som num estúdio caseiro ou alugado e entrega o CD para o camelô piratear à vontade. Ok, foi resolvida a questão da gravação e distribuição a preço de banana, mas o que o artista ganha com isso? Nada, mas fica conhecido.

O dinheiro vem das apresentações ao vivo, que também são gravadas em DVDs e CDs e entregues... isso mesmo, ao camelô. A cada volta da roda o artista é mais valorizado e mais solicitado, e pode cobrar mais pelo show. Alguém gravou um vídeo e colocou no Youtube? Maravilha! Tem carinha pirateando o som adoidado na rede? Melhor ainda para o artista tecnobrega!

Sem querer querendo, descobri que também sou tecnobrega. Não toco e nem canto, mas escrevo, e há mais de dez anos incentivo a cópia livre e descarada de minhas crônicas. Meus textos também viram locuções caseiras em vídeo e áudio, além de alguns de meus livros já estarem disponíveis para download. FREE! Onde eu ganho? Na venda de meu trabalho ao vivo e em cores em palestras e treinamentos.

- Alô? Mario Persona? Recebi de um amigo um [texto, vídeo, áudio] de sua autoria. Você pode vir à minha empresa falar sobre aquele assunto?
 
É claro que vou. Só em 2008 enviei 535 propostas a solicitações assim sem fazer um único “cold call”, que é quando o vendedor toma a iniciativa de ligar ou visitar um possível comprador. Este número não inclui solicitações de curiosos, mas só de empresas realmente interessadas, e equivale a enviar uma proposta e meia por dia. Obviamente só envio as propostas inteiras.

Se fechei todas? Nem em sonho. Mas se considerar que não gastei um centavo com propaganda e a promoção foi feita no camelódromo web, posso me considerar um tecnobrega de carteirinha. Porém as semelhanças terminam aí. No mais, que me perdoem os amantes do gênero, eu ainda acho a música tecnobrega cara.

Para saber mais:
“Tecnobrega: O Pará reiventando o negócio da música” - Livro grátis para download.
“Free - The radical future of prices” - Audiobook grátis em inglês do livro de mesmo nome (veja no "Criado Mudo" abaixo a versão vendida). 
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Free: Grátis - O Futuro dos Preços
Chris Anderson
Com a maestria que lhe é peculiar, Anderson volta à cena com este livro único e inspirador, onde o leitor encontrará em texto embasado a tendência de zerar custos trazida pela era digital.

Anderson afirma com veemência que estamos entrando numa era em que a economia pode ser construída em torno do conceito de "gratuito" e como isso afetará a vida das pessoas. Segundo ele, a ideia partiu de um dos capítulos de A Cauda Longa, que trata da economia da abundância. Ele acabou percebendo que nunca havia acontecido de toda uma economia ser construída em torno do gratuito e resolveu, então, mostrar como as pessoas fazem dinheiro e quais são as implicações disso.

O futuro, segundo ele, reserva surpresas inimagináveis até bem pouco tempo para os negócios.


Autor do best seller A Cauda Longa, sucesso de crítica e de público, Anderson é conhecido e reconhecido pela mídia brasileira e um nome de grande representatividade no campo do pensamento futurista, da gestão e da inovação.

Editora: Campus
Autor: CHRIS ANDERSON
ISBN: 9788535230680
Origem: Nacional
Ano: 2009
Edição: 1
Número de páginas: 288
Acabamento: Brochura
Formato: Médio 



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E a gorjeta, doutor?

Tres reais

O táxi que me levava ao aeroporto era dirigido pela tartaruga em pessoa. Não que o motorista fosse lento. Não era. Apelidei-o de 'tartaruga' só por ser enrugado e vivido. E também por lembrar a tartaruga da fábula de Esopo, "A lebre e a tartaruga", recontada por La Fontaine, onde não é a autoconfiança que vence, mas a perseverança que vem do reconhecimento das próprias limitações. O motorista era assim. Velho e calejado de erros que não se preocupava em esconder.

Ter ou não ter, eis a questão.





"Mario, suas dicas de gestão me impressionam muito pela clareza e coesão. Mas, se você tem um conhecimento tão vasto sobre teorias empresariais, por que você não é um multimilionário?"

Sua pergunta é instigante, mas o que será que quis dizer por "multimilionário"? Seria alguém com uma fortuna medida em milhões de um dólar que não seja o do Zimbábue? Se for, eu realmente não pertenço ao clube. Mas se quis dizer simplesmente "rico", então sou rico. Mas quão rico sou?

É difícil definir quão rico alguém é. Quando perguntaram a John D. Rockefeller quanto dinheiro era suficiente, ele respondeu "mais um pouco". Quando perguntei à minha mãe o que ela gostaria que eu fosse quando crescesse, ela respondeu que preferia um filho balconista e feliz a um dono de indústria infeliz. Desde então procuro ser rico como um balconista feliz.

Em uma sociedade onde você é medido pelo que possui, pouca gente já parou para questionar se o dinheiro é a melhor régua para se medir o sucesso. Apesar de tantas celebridades que entram e saem das clínicas de reabilitação, continuamos a associar riqueza material à realização pessoal e profissional.

Uma pesquisa feita com os 400 mais ricos da lista da revista Forbes revelou que o índice de satisfação dos magnatas era o mesmo encontrado entre o povo Inuite da Groenlândia e os Masai do Quênia. Ambos vivem muito bem sem eletricidade e água encanada.

Eu sei que este meu papo está mais para desculpa de incompetente, e que você, se fosse curto e grosso, estaria querendo dizer simplesmente “Mario, walk the talk!”, como dizem os ianques. Mas você foi educado a ponto de rogar que eu não interpretasse sua pergunta como provocação. Então vou ser sincero: não sou multimilionário simplesmente por não enxergar razão para navegar para um Norte que não está em minha bússola. Além de, obviamente, gostar do porto atual.

Interprete isto como falta de ambição ou de perfil empreendedor, mas não é. Inventores, artistas e escritores empreendem o tempo todo, mas poucos fazem isso de olho no milhão. O que os move não é a ganância de ter, mas o prazer de ser e fazer. É neste clube que você vai me encontrar.

Mas não pense que pessoas assim têm motivos mais nobres e altruístas do que os do clube do milhão. Não têm. O orgulho de ser e o desejo utilitarista de fazer são tão egocêntricos e gananciosos quanto o apetite de possuir. No fundo tudo não passa de uma forma de justificarmos nossa existência e utilidade no mundo e na sociedade. O “mais um pouco” do Rockefeller também se aplica ao ser e fazer.

O problema é que estas coisas jamais levam à saciedade, já que o vazio que tentamos preencher com elas é do tamanho de Deus. Mas vou deixar estes assuntos mais estratosféricos para você acompanhar em meu blog www.3minutos.net.

Enquanto isso, para dar uma resposta objetiva à questão que levantou, vou traduzir sua pergunta assim: "Como é que uma pessoa que ensina a empreender não se tornou um grande empreendedor?"

John Nelson Darby responderia que “os olhos enxergam muito além do que os pés conseguem alcançar”. Isso mesmo. Pode apostar que muitos dos grandes autores e professores de gestão quebrariam a cara se tentassem administrar um negócio. Mas seus pupilos provavelmente não. Por que? Pela mesma razão que Pelé não é o melhor técnico de futebol do mundo e os melhores técnicos do mundo nunca foram Pelé.

Se um dia você me encontrar multimilionário foi por ter tropeçado num bilhete de loteria, e não por apostar nela ou num grande negócio. As duas coisas não estão em minha agenda. Meu prazer está em escrever e ensinar aquilo que consigo enxergar "sentado nos ombros de gigantes”, como diria Isaac Newton.

O comercial que vi na CNN talvez consiga traduzir melhor o que sinto. A cena mostra um garotinho e seu pai caminhando de mãos dadas e o menino dizendo ao pai que, quando crescer, quer ser professor. Mas o pai tenta convencê-lo a seguir outra carreira.

- Você não prefere ser médico? Médicos são mais admirados e respeitados, além de ganharem muito mais.

- Mas não são os professores que ensinam os médicos? - argumenta o garoto encerrando a conversa.

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Manual do Empreendedor - Jerônimo Mendes
Este livro é indispensável para todo empreendedor ou candidato a futuro empreendedor que deseja entender, fazer parte e ainda prosperar no universo extremamente competitivo dos negócios. Trata-se de um guia que expõe aos empreendedores, empresários e seus respectivos colaboradores as premissas básicas e avançadas desse fenômeno chamado empreendedorismo. Abrange desde os conceitos relacionados ao tema, os primeiros passos para quem deseja empreender, a necessidade de se construir uma visão e uma missão de negócio, as fases do processo empreendedor e o principal desafio a ser enfrentado a partir do momento em que o empreendimento "decola", o de equilibrar a vida pessoal e profissional.




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E a gorjeta, doutor?

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