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O principio da dadiva no networking

Mario Persona conversa consigo mesmo sobre um assunto bem presente: a dádiva. Esse favor imerecido que nada teimosamente contra a corrente do instinto humano é abordado da perspectiva do networking e do relacionamento com o cliente.


P. Fala-se muito em gerar relacionamentos, não só com clientes mas com qualquer pessoa. Como criar um relacionamento?

Um relacionamento você cria com base no princípio da dádiva. Quando você dá algo a alguém, ou faz algo por essa pessoa, você dá o primeiro passo que promove um relacionamento. Mas essa dádiva não pode ser condicional.

P. A dádiva não gera algum tipo de angústia em quem recebe?

Em um certo sentido sim. A dádiva cria uma responsabilidade em quem recebe. É claro que a primeira coisa que a dádiva gera é gratidão, que nós expressamos com a palavra "obrigado", que é uma espécie de vínculo, de amarra, que se traduz como uma obrigação de reciprocidade.

P. Quer dizer então que essa história de networking, de criar relacionamentos apenas pela troca de cartões não funciona? Um cartão não passa de um papel sem valor.

Bem, a troca de cartões pode levar ao princípio da dádiva, mas veja que quando falamos de valor, isso não significa necessariamente preço. Uma coisa pode não ter custo algum, como um cartão, mas ter um valor tão grande que a torna sem preço, impagável. Um cartão recebido, por exemplo, de uma pessoa influente pode ser interpretado como uma dádiva por abrir portas. Geralmente as dádivas mais caras são as que não têm preço.

P. E o que pode agregar valor à dádiva?

A necessidade de quem recebe, seu interesse por aquilo, as circunstâncias, o momento... várias coisas podem ajudar a criar valor. É interessante, mas parece que o valor das melhores dádivas está na aura emocional que a envolve. Um papel de bala, por exemplo, é lixo, mas se tiver sido dado pelo namorado ele vale ouro. A garota vai guardá-lo para sempre.

P. Então a essência do networking e do marketing de relacionamento não está na troca de cartões?

Isso, a mera troca de cartões está cercada de interesses de ganho, e carrega uma mensagem do tipo "compre de mim", "estou de olho no seu dinheiro", "pague e eu farei algo por você". O verdadeiro relacionamento começa com a iniciativa de dar de forma desinteressada, não de receber.

P. Qual o papel da emoção nesse contexto?

O clima emocional é muito importante. O momento, o cenário, o estado emocional, tudo isso funciona como um adesivo na memória do receptor da dádiva. Se você quiser criar um relacionamento, seja ele afetivo ou de negócios, é preciso pensar como um diretor de cinema, que usa som, imagem e comunicação para causar uma impressão permanente no espectador.

A dádiva não termina no ato de dar. É necessário você obter o feedback disso, medir as reações, os sentimentos. Se você precisou botar sua empatia para trabalhar na hora de descobrir o que poderia ser interpretado como valor pelo outro, antes mesmo de oferecer sua dádiva, agora é hora de usar de empatia para medir os resultados. Tentar sentir o que o outro sentiu.

P. Que se resume em gratidão e desejo de reciprocidade, ou tem mais alguma coisa?

Tem sim, e é aí que a dádiva fica ainda mais interessante; é aí que começa o verdadeiro networking. O ato de dar ou fazer algo por alguém vai contra os nossos instintos de sobrevivência. Vai contra a lei do mais forte que subjuga o mais fraco tirando dele, não dando. Só que quando você percebe que pessoas generosas vivem mais de bem com a vida, e pessoas mesquinhas não, você quer descobrir que existe por trás da generosidade. Quando você é o beneficiário de uma dádiva, pode acabar contaminado pelo princípio da dádiva; vai querer descobrir o que é moveu a outra pessoa e acabará também fazendo algo por alguém para sentir o mesmo.

P. Então a dádiva pode gerar no benfeitor uma sensação de superioridade, de controle e poder sobre o beneficiado.

Sim, porque o rio sempre corre de cima para baixo. O próprio desejo de ajudar alguém pode brotar de uma necessidade de vanglória, de poder se gabar de ter ajudado essa ou aquela pessoa. Mas vamos nos concentrar nos resultados, e não nos motivos que levam a eles. É importante entender que a dádiva pode gerar uma reação em cadeia e criar na pessoa que recebe não apenas sentimento de dívida e reciprocidade, mas também de responsabilidade de fazer o mesmo por uma terceira pessoa.

P. Mas até aqui me parece mais uma cadeia linear de dádivas. Quando é que isso começa a funcionar como um networking, como uma rede de relacionamentos, e não de cima para baixo?

Quando aquele que é, digamos, o tataraneto do processo que você iniciou decide fazer de você o beneficiário de uma dádiva. Fechou o círculo. Agora você, que iniciou o processo da dádiva, passou a ser devedor de alguém, no sentido de sentir gratidão, não de ter de pagar, e se sentirá estimulado a ser novamente benfeitor de alguém, iniciando um novo ciclo, talvez em nova direção.

P. Em outras palavras eu fui vítima do meu próprio feitiço.

O verdadeiro networking funciona assim, sempre com alguém dando e alguém recebendo. Mas nem todos mantêm a corrente, e isso geralmente acontece naqueles elos que não entendem que a dádiva funciona como um bumerangue, é moeda circulante. É por isso que em tempos de crise os governos estimulam o crédito e pedem que as pessoas comprem. O represamento leva à estagnação.

P. Dê um exemplo prático do princípio da dádiva entre um fornecedor e um cliente.

Ok, digamos que você ouviu tudo isso e decidiu ligar hoje mesmo para uma empresa de brindes e encomendar uma porção de coisas com sua marca estampada nelas. Amanhã você aparece no cliente e despeja uma tonelada de brindes na mesa dele. Pode até funcionar, mas não é disso que estou falando. O princípio da dádiva não inclui brindes.

P. Não?! Mas não é dado?

Não é a mesma coisa; falta ao brinde aquele vínculo emocional que a verdadeira dádiva tem. Uma dádiva nem precisa ser algo tangível. Pode ser um favor ou um simples gesto. Pode ser conseguir a figurinha que faltava no álbum do filho de seu cliente. O brinde tem uma conotação comercial, tem uma marca colada nele, dá a impressão que você quer que seu cliente faça propaganda para você. A propriedade do brinde nunca é transferida totalmente para o cliente, porque sua marca continua lá.

P. Mas isso não faz ele se lembrar de mim na hora de comprar?

Pode fazer, mas não tem o poder da dádiva. Imagine que eu sou seu cliente e, ao invés de me dar uma caneta com a sua marca, você traz de suas férias em Recife um daqueles lápis baratos vendidos em feiras de artesanato, com a palavra "Recife" entalhada na madeira. Aí você me entrega o lápis e diz: "Estive em Recife e me lembrei de você".

O lápis não tem o seu nome, não tem a sua marca, não traz qualquer indicação de origem, mas eu nunca mais vou me esquecer de quem deu. Você não tinha obrigação de pensar em mim em suas férias e, se fez isso, fico constrangido a dar preferência a você na hora de decidir fechar um negócio. Fica a sensação de que eu lhe devo uma, e mesmo que eu faça algo em troca, um gesto assim cria uma dívida impossível de ser totalmente quitada. Se você me pedir qualquer coisa eu me sentirei constrangido a atender o seu pedido.

P. Até comprar rifa?

Até comprar rifa e rir de suas piadas.



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O Espírito da Dádiva - Jacques T. Godbout

Nem só o interesse, o desejo de poder e a coerção pública regem as relações entre as pessoas. Opondo-se à visão utilitarista dominante nas interpretações da história e do jogo social, este livro mostra que o espírito da dádiva não se manifesta só em ocasiões como o Natal, ou em brechas da moderna sociedade liberal, mas o tempo todo e em toda a parte: nas organizações, no mercado de arte, nas reuniões dos Alcóolicos Anônimos, nas doações de sangue e de órgãos.

Na perspectiva deste livro, a dádiva, assim como o mercado e o Estado, forma um sistema de circulação de bens e prestação de serviços que serve, antes de mais nada, para criar vínculos sociais, e a sedução da dádiva tem tanto poder quanto a do ganho - portanto, é tão importante elucidar suas regras quanto conhecer as leis do mercado ou da burocracia para compreender a sociedade moderna.

Nesta obra pluridisciplinar, a linguagem utilizada é clara e evita o ´calão´ dos especialistas. Alimentando com inquéritos sobre o "terreno originais", e por uma análise crítica aprofundada da literatura existente este livro, apaixonará o grande público que espera conhecer os mistérios da dádiva, e os investigadores em ciências sociais que, aqui, descobrirão estimulantes perspectivas.

Editora: Instituto Piaget
Autor: JACQUES T. GODBOUT
ISBN: 9728329466
Origem: Importado
Ano: 1997
Edição: 1
Número de páginas: 335
Acabamento: Brochura
Formato: Médio


E a gorjeta, doutor?

Youtube, widescreen e pensamento bi-hemisferico

Tá todo mundo atrás de uma solução milagrosa para a crise. Quer uma idéia? Veja o Youtube. Reparou que ele esticou? Virou widescreen.



Se já era preciso ser criativo para encher de tutano aquela telinha 4:3 copiada da TV antiga, imagine encher a linguiça 16:9. Para enfrentar a crise o jeito é pensar widescreen, igual ao Youtube, colocar os dois hemisférios para trabalhar.

Já viu como todo mundo está cortando tudo? Custos, pessoal, material, cafezinho. Ok, não ia dar mesmo para continuar com toda aquela gordura. Mas onde você acha que isso vai chegar? Quando todos cortam custos, todos ficam de custos cortados. Iguais, idênticos, sem qualquer diferencial competitivo. Sim, isso já é uma big mudança, mas é uma mudança commodity, compulsória e global, que não diferencia ninguém.

A mudança que faz a diferença não é a imposta pelas circunstâncias, mas a desencadeada pela criatividade e inovação. Criatividade é a geração de novas idéias, e inovação é colocá-las em prática. O resultado é a mudança que tira você da tela estreita da mesmice e o coloca numa faixa do espectro de idéias que ninguém ainda ocupou.

Para isso você vai precisar usar o resto da tela de seu cérebro, despertar sua lateral direita, entorpecida, e pensar de modo bi hemisférico. Mono hemisféricos nós já somos, treinados que fomos por escolas que mataram a criatividade e nos transformaram em maquininhas de pensamento lógico, racional e analítico.

É na escola que a professora interrompe o vôo da nave espacial que nossa mão faz dar piruetas no ar, para explicar que aquilo não passa de uma caneta. A escola joga uma pá de cal cartesiano na fantasia colorida da infância, e somos catapultados sem piedade para o mundo cinzento dos adultos.

Na escola quem acerta na prova se dá bem. Na vida, quem erra, aprende e tenta mil vezes se dá melhor. A menos que você comece a desenvolver alguma atividade criativa nas profundezas do hemisfério direito de seu cérebro, seu destino é virar mais um Smith do Matrix, aquele com óculos de camelô e gravata do avô. São poucos os neolíderes da verdadeira revolução, a criativa.

O líder da mudança criativa é otimista, vive em busca de oportunidades. É também tolerante para com o erro porque aprende com ele. É bem humorado porque se diverte fazendo o que faz. É curioso, indagador, e não tem medo de dizer que não sabe e quer aprender. É apaixonado e se entusiasma com a facilidade de uma criança.

Esse líder adora procurar sarna pra se coçar, enfiar o nariz onde não foi chamado e grudar num problema que ninguém quis resolver. É contagiante. Você não consegue passar perto dele sem ser abordado, agarrado e persuadido pela paixão com que ele tenta vender suas idéias.

Mas você não será criativo se continuar pensando do jeito mono hemisférico que treinou na escola. E nem se cair no equívoco dessa forma de trabalho em equipe que encontra em algumas empresas.

Nas empresas quadradinhas, trabalho em equipe é tudo aquilo que visa chegar a um resultado de consenso. Tá bom, você conhece alguma obra de arte pintada por uma comissão? Arte verdadeira é aquela que a genialidade de um artista pintou e foi reconhecida como tal por um grupo de pessoas. A equipe.

Dê a lista de autores de "Senhor dos Anéis", toque uma sinfonia composta pela equipe da qual Beethoven fazia parte, ou sugira ao Hamilton tentar ser campeão outra vez levando no cockpit o pessoal do box. Entendeu agora que equipe é uma soma de talentos individuais e não a sua diluição? Que equipe é um terreno que produz ouro, não amálgama?

Infelizmente muitos líderes não vêem assim. Eles estão mais para carpinteiros que enxergam seus subordinados como pregos numa tábua. É só perceber uma cabeça saliente e ele martela até ficarem todas iguais.



Posfácio: Tive um trabalho doido para colocar meus vídeos lado a lado e, principalmente, para sincronizar as falas, pois não uso nada sofisticado: Windows Movie Maker (para edição de vídeos) e Audacity (para edição de áudio) e um pouquinho de criatividade. Mas criativo mesmo é esse cara, mesmo que as vozes não sejam dele (é dublagem):



Do autor do vídeo: All the 4 beautiful voices belong to the men from Moosebutter. They are a professional a cappella comedy group from Utah, and were kind enough to assist me in the making of this video. Check them out and hear more hilariously awesome songs at http://www.moosebutter.com/

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Fora de Série : Outliers - Malcolm Gladwell

O que torna algumas pessoas capazes de atingir um sucesso tão extraordinário e peculiar a ponto de serem chamadas de "fora de série"?

Costumamos acreditar que trajetórias excepcionais, como a dos gênios que revolucionam o mundo dos negócios, das artes, das ciências e dos esportes, devem-se unicamente ao talento. Mas neste livro você verá que o universo das personalidades brilhantes esconde uma lógica muito mais fascinante e complexa do que aparenta. Baseando-se na história de celebridades como Bill Gates, os Beatles e Mozart, Malcolm Gladwell mostra que ninguém "se faz sozinho". Todos os que se destacam por uma atuação fenomenal são, invariavelmente, pessoas que se beneficiaram de oportunidades incríveis, vantagens ocultas e heranças culturais. Tiveram a chance de aprender, trabalhar duro e interagir com o mundo de uma forma singular. Esses são os indivíduos fora de série - os outliers.

Para Gladwell, mais importante do que entender como são essas pessoas é saber qual é sua cultura, a época em que nasceram, quem são seus amigos, sua família e o local de origem de seus antepassados, pois tudo isso exerce um impacto fundamental no padrão de qualidade das realizações humanas. E ele menciona a história de sua própria família como exemplo. Além disso, para se alcançar o nível de excelência em qualquer atividade são necessárias nada menos do que 10 mil horas de prática - o equivalente a três horas por dia (ou 20 horas por semana) de treinamento durante 10 anos. Aqui você saberá também de que maneira os legados culturais explicam questões interessantes, como o domínio que os asiáticos têm da matemática e o fato de o número de acidentes aéreos ser mais alto nos países onde as pessoas se encontram a uma distância muito grande do poder.

Editora: Sextante
Autor: MALCOLM GLADWELL
ISBN: 9788575424483
Origem: Nacional
Ano: 2008
Edição: 1
Número de páginas: 288
Acabamento: Brochura
Formato: Médio

Um presidente negro na Casa Branca

Achei estranho, muito estranho. Aquilo não era para estar acontecendo. Na minha opinião os Estados Unidos cometiam um grande erro ao enterrar seus cidadãos daquele jeito.

Coloquei mais força nos pedais da bicicleta para deixar para trás a rua que dividia os mortos. Eu tinha acabado de descobrir, no cemitério perto de casa, em Carthage, Missouri, que de um lado da rua enterravam os brancos e do outro os negros. Em 1972, aos 16 anos, segregação assim era novidade para mim.

Eu sei que no Brasil existia, só que não amparada por lei ou religião. Nos EUA a segregação tinha sido abolida no papel dois anos antes, mas continuava na prática. Na McAuley High School, escola particular católica onde eu estudava, não encontrei um aluno negro.

A supremacia branca, defendida por alguns cristãos norte-americanos, teve sua origem na mitologia pagã anglo-saxônica e influenciou o pensamento de personalidades tão diferentes quanto Hitler, Monteiro Lobato e Allan Kardec. Mas na Roma de Constantino a mistura de elementos cristãos e pagãos já era incentivada, visando homogeneizar a religião no império. Quem visita o Vaticano encontra imagens que nada mais são do que representações ou estátuas recicladas de deuses pagãos, como a de Júpiter, que ocupa o lugar de São Pedro.

A segregação também tem o respaldo de interpretações equivocadas da Bíblia, em especial da história dos filhos de Noé. Séculos antes de católicos e protestantes usarem seu texto para endossar práticas escravagistas, judeus e muçulmanos já interpretavam o Antigo Testamento assim. Os árabes foram os primeiros a escravizar negros etíopes, criando um precedente para a escravidão ditada pela cor da pele.

A própria Bíblia coloca em xeque essas interpretações, quando descobrimos que a esposa de Moisés era negra. O bebê Moisés foi salvo das águas por uma princesa egípcia, cuja aparência estava mais para a da irmã de Barack Obama do que para a holandesa Nina Foch, que interpretou a princesa no hollywoodiano "Os Dez Mandamentos" de Cecil B. DeMille. E não podemos nos esquecer de que José, Maria e o bebê Jesus encontraram abrigo entre os habitantes do norte da África.

Mas o maior embaraço para qualquer caucasiano que pretenda usar a Bíblia para justificar a supremacia branca está na história da conversão do eunuco, oficial da rainha da Etiópia, no livro de Atos. O primeiro não-judeu a se converter à fé cristã e a propagar o cristianismo na África foi um negro. Numa época quando os bárbaros brancos da Europa ainda ofereciam sacrifícios humanos aos seus deuses, muitos africanos já falavam de Jesus.

A eleição de Barack Hussein Obama à presidência da maior potência do planeta muda muita coisa. Para começar, será preciso rever alguns conceitos de marca e pesquisas de opinião. Há alguns anos qualquer pesquisa daria como zero a probabilidade de um negro ser presidente dos EUA.

Depois do 11 de setembro, então, alguém chamado Hussein ou Obama tinha mais chances de ir parar em Guantánamo do que na Casa Branca. Ora, os norte-americanos chegaram até a boicotar a mostarda French's, só porque os franceses não apoiaram a invasão do Iraque. A questão é que "French" não vem de "francês", mas é o sobrenome do criador da marca norte-americana de temperos.

O primeiro desafio de Obama foi vencer a segregação dos brancos. Agora vai precisar vencer a decepção de alguns negros que esperam uma reversão no tratamento preferencial. Ralph Nader, o perdedor independente, já insinuou que Obama está mais para "Uncle Tom" do que para "Uncle Sam". Lá a expressão "Uncle Tom" é pejorativa, e significa um negro subserviente ao domínio do branco.

Venha o que vier, acho que Abraham Lincoln teria gostado de viver estes dias. Ele, que combatia a escravidão, um dia encontrou um político que reclamou de suas idéias. Lincoln argumentou mais ou menos assim:

"Se você diz que o de pele mais clara pode escravizar o de pele mais escura, é melhor tomar cuidado. Você pode acabar escravo do primeiro que encontrar que tiver a pele mais clara do que a sua. Se não for apenas uma questão de cor, mas de superioridade intelectual, que você acredita ser característica dos brancos, então você pode acabar escravizado por alguém mais inteligente do que você."



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A Audácia da Esperança - Barack Obama

O senador democrata Barack Obama, eleito no final de 2008 presidente dos Estados Unidos analisa o governo Bush, a vida política atual no seu país, a atuação do Congresso, as tensões religiosas e raciais, a intervenção norte-americana no Iraque e também outras questões mundiais, como o terrorismo e as pandemias nas páginas desta magnífica obra. Apesar de não ser exatamente uma autobiografia, a trajetória e experiência do senador também é exposta. Conheça um pouco mais sobre as idéias deste homem que em 2009 será o presidente do país mais poderoso do mundo.


E a gorjeta, doutor?

Guerra de canudos

Não sou Antônio, mas vou dar uma de conselheiro. Não tem canudo? É melhor conseguir um. Como? Estudando, oras. Para competir no mercado, primeiro você entra na guerra de canudos. Depois, com o canudo na mão, sai em busca das lentes da experiência para transformá-lo em luneta e garantir sua visão de futuro.

No século dezenove era possível conseguir bons empregos sabendo ler e escrever. No vinte, você precisava aprender datilografia na Escola Remington, se quisesse um emprego decente. Neste século vinte e um o patamar mínimo é um curso superior. Já tem? Bem, continue estudando. Ainda faltam mais de nove décadas para terminar o século.

Não há como deixar de estudar e mesmo que você se forme, nunca pode se considerar formado. Você deve continuar vivendo em modo de aprendizado contínuo e reciclagem permanente, porque um diploma de curso superior é condição necessária, mas não suficiente, para se atuar no mercado.

Pós-graduação, mestrado, doutorado, especialização disso e daquilo -- hoje é preciso ganhar bem para pagar os cursos que permitirão a você... ganhar bem!

Mas o que acontece quando chegamos ao ponto em que todos têm os mesmos cursos que todos têm? A competição vai para a raia da competência. Aí chega a hora de não apenas ter, mas também de colocar em prática aquilo que você tem. Acabou? Não. Você precisa fazer com que as pessoas saibam que você tem a teoria e a prática. Quantas escolas ensinam isso?

Uma das coisas que meus alunos mais agradecem é o que ensino nas primeiras aulas: marketing pessoal, postura profissional, relacionamento, uso da Web e coisas assim. Ensino o que aprendi fora da escola, coisas que permitem que eu trabalhe de um modo como jamais poderia ter trabalhado no passado.

Embora eu possua também uma formação formal (nossa, que horrível dizer “formação formal”) o diferencial eu busco na informal, em minha senda solitária de cavaleiro autodidata. Espere aí! Não cancele sua matrícula naquele curso de especialização só porque eu disse isso. É preciso primeiro saber se você tem o perfil de um autodidata, de alguém que adora ler, gosta de desmontar, de perguntar e enche a boca de saliva quando precisa pesquisar.

O autodidata é movido por algo mais do que apenas uma realização profissional. Ele é movido pelo amor das novas descobertas, pela emoção do saber e pela paixão, não de ser reconhecido como quem sabe, mas de ajudar alguém com o que aprendeu. Não é do destino que ele desfruta, mas da viagem.

Uma forma de você atuar no mercado é colocando em prática aquilo que aprende na escola. Isso é como comer croquete feito com picadinho do filé que alguém inventou tempos atrás. O que sobrou dele foi picado e moído pelo escrutínio acadêmico para ser servido em sala de aula.

Outra forma de atuar é criando a vaca dos ovos de ouro ou a galinha leiteira. Não errei não; é assim mesmo, de um jeito novo, dum modo que ninguém fez. Os que fazem assim são os líderes, inventores e inovadores. Os outros, meros seguidores.

Portanto, ainda que você esteja de canudo até o teto de sua caixa craniana, não se engane: boa parte do que hoje é ensinado nas faculdades em termos de administração, marketing e gestão são coisas que foram colocadas em prática no mercado antes de serem praticadas nas faculdades.

Um "estudo de caso" nada mais é do que inovação de ontem, transformada na prática de hoje e apresentada na forma de teoria nas aulas de amanhã. Pode procurar na próxima edição de seu livro acadêmico que vai estar lá. Quando você colocá-la em prática, estará competindo com alguém que está criando o próximo “caso de estudo”. Aí a guerra de canudos é vencida pelo talento, criatividade e inovação, matérias que não se aprende na escola.

Por isso, uma vez garantidos os canudos, parta em busca do filé. Meu pai que, quando jovem, morou em pensão econômica, costumava dizer que, quando serviam filé, ele jamais deixava o filé voltar. Ele sabia que, na pensão, o filé de ontem é o picadinho de hoje, que será o croquete de amanhã.



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Know-How - RAM CHARAN

Ram Charan teve a rara oportunidade de observar profissionais desde o início da carreira até o auge do sucesso e pôde verificar, em primeira mão, o impacto que estes causaram nas finanças e na saúde das empresas e se deixaram as organizações em melhores condições (em aspectos que os números nem sempre revelam). Esse livro inovador e extremamente prático amplia a capacidade dos leitores para alcançar um bom desempenho, em benefício não apenas de suas carreiras, mas também de suas empresas e da economia. As idéias apresentadas fornecem a base para fazer a coisa certa e tomar sempre as melhores decisões, ajudando a desenvolver a rara habilidade de fazer excelentes avaliações.


E a gorjeta, doutor?

O coelho

Depois de entrar para a lista dos dez escritores mais odiados pelas crianças, graças à crônica que escrevi em dezembro revelando que o Papai Noel vermelho e rechonchudo foi invenção da Coca-Cola, chegou a hora de revelar algumas verdades sobre o coelho da páscoa.

O coelho é um mamífero que põe ovos de chocolate. Como pode ser ovíparo e mamífero? Bem, ele põe ovos de chocolate ao leite. Se acha estranho, imagine o ornitorrinco, mamífero que põe ovos, e tem bico e nadadeiras de pato! Antes que me pergunte, os ornitorrincos não são parentes dos otorrinos, que são mamíferos, mas não põem ovos.

Pode tirar da cabeça a idéia de colocar um ovo de páscoa para chocar. Vai derreter e não vai nascer coelho algum. Ninguém explica como é que o coelho, que só põe ovos nesta época do ano, consegue procriar tanto. Um amigo que criava coelhos dizia que nunca sabia quantos tinha em sua criação. Quando terminava de contar precisava recomeçar.

Nesta época os coelhos trabalham pra valer. Em 2006 foram mais de 20 toneladas de ovos gerando 25 mil empregos. Em 2007 a expectativa é de faturar mais de 600 milhões de reais. Incluí estes números aqui porque você pode querer ler minha crônica no trabalho e números sempre dão cara de coisa séria. Seu chefe vai pensar que você está se informando.

É estranha essa simbiose entre a indústria e o coelho, pois este ajuda a indústria a vender ovos, mas a indústria não está nem aí para ajudar a vender coelhos. Quem quer comprar coelhos? O açougue, oras. Você não sabia que, apesar de não sair de casa sem quatro pés de coelho, o azarado animal sempre acaba virando guisado e casaco de peles? Já comi coelho, mas não comi tranqüilo. Sempre tinha a impressão de que iria encontrar um pelinho.

Nem todo coelho põe ovos. O Tambor, por exemplo, amigo do Bambi, só fica batendo o pé. Mas é um coelhinho simpático, do bem. Já o Pernalonga é sacana, vive aprontando. Ambos têm toca em Beverly Hills, trabalham em Hollywood e ajudam a vender filmes. O coelho da páscoa, coitado, nem nome tem. É explorado.

Mas o coelho não é o único animal usado sem qualquer pudor para promover alguma coisa. Nos Estados Unidos o elefante ajuda a promover os republicanos e o burro promove os democratas. Lá burro deve significar outra coisa, porque aqui nenhum partido político iria querer ser promovido por um burro.

A idéia de usar o coelho e seus ovos está na imagem de fertilidade que dão ao conceito de páscoa que a cristandade emprestou do paganismo. Na religião celta havia uma deusa-lebre que botava ovos para as crianças bem comportadas. Era Eostre, deusa da fertilidade, das lebres, dos ovos e da primavera, parente da Ishtar dos acádios, Asterote dos filisteus, e Astarte dos gregos.

Na cultura original judaico-cristã, a palavra “páscoa” significava que a morte podia “passar por cima” e poupar quem já tivesse providenciado um sacrifício, um cordeiro para morrer em seu lugar. Era símbolo de morte, não de fertilidade.

Mas quando o negócio é vender, qualquer coelho serve. Se conseguir vender pilhas de ovos a toque de bumbo, melhor ainda. Êpa! Acho que misturei os coelhinhos.

O coelho não apenas vende ovos, como também ajuda a indústria do chocolate a livrar a cara. Num Brasil a quarenta graus, o que não falta nos postos de saúde nesta época do ano é fila de crianças com urticária e alergia. Culpa de quem? Do coelho, é claro. Alergia ao pelinho.

Agora, falando sério, eu diria que dificilmente um coelho conseguiria por um ovo desses de quase um quilo que a gente vê nos supermercados. Existe uma incompatibilidade anatômica e, ainda que os bichinhos se esforçassem, jamais sairia oval. No máximo oblongo.

Acho que a Sociedade Protetora dos Animais deveria interferir nessa história de usar coelhos para produzir ovos de páscoa. Ou, pelo menos, regulamentar a profissão do coelho e obrigar a indústria a alterar a fórmula da ração, para produzir ovos mais macios e confortáveis. Mesmo assim, para o bem dos coelhos, acho que um ovo deveria ser terminantemente proibido. O ovo crocante.



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Outras Lições que a vida Ensina e a Arte Encena - Marcia Luz / Douglas Peternela

Objetiva e prática, a obra utiliza filmes de cinema como recurso para aprendizagem e desenvolvimento pessoal. São 106 filmes diferentes, com mais de 350 cenas indicadas, fruto de minuciosa pesquisa e muitas horas de trabalho. Os autores utilizam filmes para treinamentos, desenvolvimento e até na seleção dos talentos na organização. Cheio de analogias, metáforas e exemplos, o livro é uma excelente fonte de consulta para treinamentos de RH, comunicação, marketing e vendas, além de valor inestimável em workshops de liderança e gestão de talentos. O livro aborda temas bastante atuais como espírito de equipe e sinergia , liderança, motivação, diversidade humana, atendimento ao cliente, criatividade, percepção, negociação, vendas, valores, ética, etc. É a sétima arte a serviço da aprendizagem e do desenvolvimento das potencialidades humanas


E a gorjeta, doutor?

Ele é o cara!

Hoje quero falar de alguém que eu e você conhecemos bem. O SimMas. Hein? Não conhece o SimMas? Ora, é claro que conhece! Ele é famoso, ele é o cara. Quer uma ajuda para se lembrar? É fácil descobrir se a pessoa com quem você conversa é o SimMas. Pergunte algo para ver como reage.

-- Ei, você não acha que esse seu jeito de agir é incorreto?

-- Sim, mas...

Aha! Achou. Taí o DNA do legítimo SimMas. Ele sempre começa concordando com você, mas vai logo se defendendo. "Sim, mas..." Pode esperar por longas delongas porque ele vai tentar explicar o inexplicável. O SimMas sempre tenta sair da mira, é um defensor do fraco e oprimido, assim mesmo, no singular. Defensor de si próprio.

O cara nunca assume nada, é um verdadeiro Teflon. Repele qualquer responsabilidade e se justifica de tudo, enquanto joga a culpa em todos. O pior é que ele acredita mesmo no que diz e se enche de razões.

-- Você não acha que é errado estacionar aí? A vaga é para deficientes...

-- Sim, mas, se eu não estacionar, outro estaciona. Além disso, faltam vagas neste estacionamento. E se chegarem agora uns dois ou três veículos com deficientes? Vai faltar vaga. É uma pouca vergonha um shopping como este reservar apenas uma vaga para deficientes! Falta uma política adequada neste país para os menos favorecidos. Deviam formar uma comissão...

O SimMas adora comissões, porque aí pode culpar a todos de uma "culpada" só. No fim você começa a achar que ele está com a razão, e se sente até constrangido de ter importunado alguém tão altruísta com uma bobagem assim.

Se você for chefe do SimMas, pode preparar o estômago, porque o cara dá azia em Somrisal. Ele jamais irá acatar uma ordem ou sugestão. Vai fazer do jeito dele. Vai explicar um montão, mas vai fazer do jeito que faria, com chefe ou não. Se der errado?

-- Veja só, SimMas, eu disse para você não fazer assim. Viu como deu errado?

-- Sim, mas, com a falta de apoio, queria que desse certo? E não é só você que não me apóia. Trabalho aqui sozinho, com a empresa inteira remando contra. Está faltando aqui é uma integração maior entre os departamentos. Você devia convocar uma reunião...

Quando encontro o SimMas, tremo na base. Eu sei -- tenho certeza -- de que, no final, vou sair achando que o culpado sou eu. Às vezes ele não precisa nem falar, basta ele dar aquela respirada prolongada, com som de impaciência e compaixão por minha ignorância, e está dito.

Como só existe ele e o resto das pessoas que orbitam ao seu redor, o SimMasse acha dono do Universo. Ele não é dos que pedem carona. Você tem a obrigação de dá-la. Um dia ele me intimou a levá-lo. Como a viagem seria longa, avisei do horário, porque não queria chegar atrasado ao meu destino. Passei em sua casa na hora combinada, mas ele não estava.

A família, que sabia da minha pressa, entrou em polvorosa. A mulher colocou a molecada para correr à procura do SimMas. Um dos meninos o encontrou num bar, jogando sinuca e bebendo cerveja com os amigos.

Quando, finalmente, chegou da rua, o cara deu o maior esculacho na mulher e nos filhos por não terem percebido que estava na hora da viagem e avisado antes. Nenhum deles iria viajar, mas ele culpou a todos. Prepotente que só! Ainda precisei esperar o SimMastomar banho e se aprontar.

O SimMastem parente por todo o planeta. Nos Estados Unidos tem um primo, o YesBut, que é idêntico. Outro, o SiPero, mora na Argentina e não nega a linhagem. A raça é antiga e já conseguiram traçar sua árvore genealógica até o patriarca da família. O nome dele era Adão SimMas.

Há registros que indicam que ele morava em um lugar literalmente paradisíaco, quando era recém casado. Apesar de ter sido claramente instruído pelo dono do lugar, aquele SimMas desobedeceu as ordens que recebeu. A coisa foi séria e a reprimenda certeira. Pensa que ele ouviu calado? Com a maior cara de pau, se defendeu.

-- Sim, mas, a mulher, que o senhor me deu, foi quem me convenceu a desobedecer...

Naquele dia SimMas começou colocando a culpa em Deus, e na mulher que Ele deu. E nunca mais parou de fazer isso.





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A Jornada do Escritor - CHRISTOPHER VOGLER

A Jornada do Escritor, de Christopher Vogler, busca enumerar ao leitor todas as etapas de construção de personagens e situações necessários para se escrever uma boa história. Para isso, o autor usa estruturas míticas bastante conhecidas como base para o seu roteiro de escrita. O livro é dividido em três seções. A primeira descreve cada uma das personagens que são essenciais para qualquer tipo de história. A segunda propõe estágios ou situações primárias para que a narrativa tenha boa fluência até o final. Por fim, o epílogo faz um resumo da viagem e os apêndices usam a Jornada do Escritor para analisar roteiros de filmes de sucesso como Titanic, Guerra nas estrelas e Pulp Fiction ? Tempo de violência.

Por mais que pareça um guia de roteiros, este livro não é como outros que se propõe a ser manuais. Porque Christopher Vogler não impõe um modelo engessado, mas propõe ao leitor que crie novos caminhos para a sua própria Jornada de Escritor. Com este objetivo, ao fim de cada capítulo há uma seção com perguntas para o pleno entendimento e aplicação dos conceitos utilizados por Vogler, a fim de que o escritor seja bem-sucedido em sua viagem que é escrever.


E a gorjeta, doutor?

Ho! Ho! Ho!

Sabe quem inventou o Papai Noel? A Coca-Cola. Bem, o Papai Noel já existia antes, mas ele era magro. Só foi engordar mesmo na década de trinta, quando sua imagem foi contratada pela empresa que ainda não tinha inventado a Coca Light.


A figura do velhinho barrigudo e simpático que hoje vemos nos anúncios foi uma criação do artista Haddon Sundblom que, por sinal, era seu próprio modelo. Nariz e bochechas vermelhas deixavam claro que refrigerante não era exatamente a bebida preferida do modelo-artista.

Por 33 anos os dois velhinhos -- criador e criatura -- mandaram bem e acabaram fixando na mente do público um dos mais marcantes símbolos de todos os tempos. Quer saber o segredo da Coca-Cola? O da fórmula eu não posso contar aqui, mas o do Papai Noel eu conto.

Como fez Walt Disney, ressuscitando Branca de Neve e a Bela Adormecida de empoeiradas fábulas de domínio público, a Coca-Cola recontou uma velha história acrescentando requinte, apelo visual e consistência. O novo Papai Noel pasteurizado substituiu velhos Papais Noéis magros, gordos, altos e baixos e com um guarda-roupa que, além do vermelho, incluía o verde, o azul, o violeta, e até casaco de peles. A nova história prevaleceu.

São as boas histórias que constroem os comportamentos, só alterados por histórias ainda melhores. Quando você tenta vender algo para alguém, o que faz nada mais é do que contar uma história boa o suficiente para substituir aquela que a pessoa tem em mente. Qual? Que seu produto é caro, que não tem qualidade, que o do concorrente é melhor, que não precisa comprar agora, que há coisas mais importantes etc. Somente uma história melhor poderá causar um reset mental, reprogramar o cérebro do cliente e puxar a sardinha para a sua brasa.

O estado da arte da propaganda continua sendo sua capacidade de contar boas histórias, e uma das mais belas é, sem dúvida alguma, a contada por Baz Luhrmann. Protagonizada por Nicole Kidman e Rodrigo Santoro, essa história perfuma nossas mentes com um aroma visual de "Channel No. 5" que permanece.

À semelhança do Papai Noel da Coca-Cola e dos clássicos da Disney, a história de 120 segundos tem como música de fundo, "Claire de Lune", de Claude Debussy, campeã de downloads no século 19 e presença obrigatória em filmes românticos desde os irmãos Lumière. O cenário também é familiar: "Moulin Rouge", filme de 2001 com a mesma Nicole Kidman. A força da nova versão está em substituir a tragédia sombria do filme por um romance de expectativa que deixa para a imaginação a possibilidade de um final feliz.

No cinema o diretor quis ver Nicole Kidman pelas costas, fazendo com que a bela personagem morresse de tuberculose escarrando sangue. Na nova história o público a vê no final, também pelas costas, só que agora perfumada e linda, com um "No. 5" de diamantes pendendo brilhante no decote de trás. Meu HD mental alegremente substituiu a velha história pela nova.

Mulheres sempre foram o tema principal das histórias da propaganda e Haddon Sundblom sabia disso. Ele esteve entre os artistas que pintaram as "pin-up girls" usadas nos anúncios das décadas de 30 em diante. O termo significa literalmente "garotas penduradas", por representarem mulheres sensuais em calendários pendurados nas paredes. Eram as modelos de então, uma profissão hoje muito disputada por quem não sabe que a maioria vive pendurada e só uma minoria não.

Apesar de ter imortalizado o Papai Noel como hoje o conhecemos, não se sabe a razão de Haddon terminar sua carreira desfigurando a história que ajudou a contar. Seu último trabalho, aos 73 anos, foi uma Mamãe Noel para a capa da edição de Natal de 1972 da Playboy. Não pegou. A nova Noel foi rejeitada pelas crianças não lactentes e a história do velhinho rechonchudo continuou líder de audiência. Só não se sabe até quando.

A crescente preocupação da sociedade com a obesidade e a corrida das indústrias de refrigerantes rumo aos sucos, chás e bebidas light acena para uma mudança da história que será contada no futuro. Os meninos de antigamente podiam achar o velho Noel de bom tamanho, mas os do futuro podem não acreditar em alguém que nunca freqüentou uma academia. Além disso, com a consciência ambiental das crianças de agora, quem irá achar legal um cara que explora animais silvestres, gosta de chaminés e instala uma indústria em pleno Pólo Norte?



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Propaganda: Teoria - Técnica - Prática - Armando Sant'anna

Desde o aparecimento de sua 1a. edição, este livro vem se constituindo no melhor e mais completo trabalho já publicado no campo da Propaganda, em nosso idioma, tornando-se leitura imprescindível para os estudantes dos cursos de Propaganda, e de consulta permanente para os profissionais de Propaganda, Relações Públicas e Marketing. Uma das razões do grande sucesso desta obra é a sua constante atualização, não só no que se refere aos dados estatísticos mas, sobretudo, no que diz respeito ao desenvolvimento, mudanças, técnicas e estratégias que caracterizam essa dinâmica atividade.


E a gorjeta, doutor?

Premio e castigo

Saí da palestra e corri para o hotel. Eram seis da tarde e queria dormir para ter fôlego para a próxima, para o pessoal do turno da noite na mesma fábrica. Coloquei o celular para despertar às 23:00 e apaguei. Tocou às 20:00 horas.

A princípio achei que tinha errado, mas era uma chamada.

-- Alô? -- respondi sonolento.

-- O senhor foi contemplado com um celular gratuito e blá-blá-blá...

Indignado com a interrupção grunhi algo e voltei a dormir. Ou pelo menos tentei.

Promoções de telemarketing ocupam o segundo lugar em meu ranking de coisas que irritam. Em primeiro está o telefone, o próprio. Dependo dele, mas não gosto. Pareço antipático quando ligam e percebem que minha fala limita-se a "sim", "não", "tá" e mais dois grunhidos. Prefiro olho no olho, ao vivo e em cores.

Celular, então, não passa nem perto de minha lista de objetos de desejo. Câmera, MP3, som polifônico? Nem ligo. Sabe que som escolho? TRRRIIIIMMM! É para ter certeza de que é meu celular que toca e não uma rádio qualquer. Experimente tocar um pedacinho de axé em um aeroporto e pelo menos cem pessoas irão conferir seus celulares.

Mesmo assim, devo ter voltado bobo da viagem, ou com um baixo número de leucócitos antipromoções. Como um zumbi, caminhei até a loja para reclamar meu prêmio. Tinha fila. Voltei no dia seguinte. Fila. Decidi esperar, mas só até alguém começar a reclamar em voz alta. Decidi voltar para a fila do dia seguinte, o terceiro. Chegou minha vez.

Expliquei que queria um modelo que falasse em todo lugar. Não precisava fotografar, filmar ou tocar, só falar. Saí de lá com um celular novo que, descobri no dia seguinte, só atendia em dez estados brasileiros. Já pensou um palestrante com um celular assim?

Voltei à loja pela quarta vez, correndo o risco de pensarem que eu trabalhava ali. O atendente informou que eu não poderia devolver ou trocar. Impossível, sentenciou o gerente, dando as costas e sumindo nos bastidores. Bobo, supliquei que devolvessem a linha para meu velho celular e voltei para casa com a caixa do prêmio inútil debaixo do braço e o rabo entre as pernas.

Nem bem cheguei, lembrei-me de ter assinado um contrato que não permitia sair da operadora por doze meses. Senti-me um verdadeiro otário. Na semana anterior eu tinha um celular velho e nenhum compromisso. Agora eu tinha um celular velho e estava algemado à operadora. O novo, mudo, não era prêmio, era castigo.

Liguei para a operadora e na próxima hora e meia visitei todos os departamentos do "Tecle isso" e "Tecle aquilo" até encontrar um ser vivo. Mas foi só na quarta tentativa que encontrei vida inteligente.

-- É absurdo! -- indignou-se a atendente -- A loja precisa aceitar a devolução sim, é lei, está no código de defesa do consumidor!

Uau! Eu tinha encontrado alguém que não fora lobotomizado pelo Doutor Script. Voltei à loja. Quinta visita. Só queria devolver o aparelho e me livrar do contrato que assinei. Contei a história de novo e ouvi um rosário de argumentos.

-- O contrato já foi para a matriz... Só o gerente pode acessar o sistema... O gerente foi almoçar... Mesmo que estivesse aqui, ele errou a senha três vezes e bloqueou... Ninguém sabe quando a central vai desbloquear... O senhor não pode ligar aqui, não temos telefone...

Essa foi a gota d'água. Uma loja de telefones que não tem telefone? Sem tortura, consegui obter do atendente a informação de onde o gerente almoçava. Logo estava eu, no restaurante, ao lado de sua mesa, cheirando a queimado. Dois outros comiam com ele. Pela penúltima vez contei minha história. A última eu contaria em minha crônica. Afinal, daria uma história e tanto.

-- Como assim, é possível sim trocar por um aparelho com cobertura nacional. E se não tivermos em estoque vamos aceitar a devolução e fazer o cancelamento desse contrato.

Quem falava era o outro, que parecia ser gerente dos gerentes, uma espécie de instância superior para resolver as causas impossíveis. Prometeu ligar e ligou no mesmo dia. Minha sexta visita à loja foi para receber um celular que fala em todo o país. Assim espero.

Ontem o telefone tocou. Era o telemarketing de um banco avisando que fui escolhido entre os seis bilhões de habitantes do planeta para ganhar um cartão de crédito e blá-blá-blá...

-- Por gentileza, você pode ler a última linha do script que tem aí na sua frente? -- interrompi.

-- Agradecemos seu interesse e esperamos atendê-lo numa próxima oportunidade -- leu o atendente, obediente como um robozinho.

-- Também agradeço. Tenha um bom dia. -- desliguei.



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Propaganda: Teoria - Técnica - Prática - Armando Sant'anna

Desde o aparecimento de sua 1a. edição, este livro vem se constituindo no melhor e mais completo trabalho já publicado no campo da Propaganda, em nosso idioma, tornando-se leitura imprescindível para os estudantes dos cursos de Propaganda, e de consulta permanente para os profissionais de Propaganda, Relações Públicas e Marketing. Uma das razões do grande sucesso desta obra é a sua constante atualização, não só no que se refere aos dados estatísticos mas, sobretudo, no que diz respeito ao desenvolvimento, mudanças, técnicas e estratégias que caracterizam essa dinâmica atividade.


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Pirâmide à cambalhota

Prato do dia: "Pirâmide à Cambalhota". Onde? Em seu jornal. Página? Oras, em todas. Trata-se da pirâmide invertida usada na redação da notícia. Montar um jornal é como montar um quebra-cabeça. Não é nada fácil fazer textos e anúncios se encaixarem direitinho para evitar espaços em branco ou sobrar letrinhas. Aí entram os truques do ofício.

Um artifício é mexer no tipo, tamanho e espaçamento da fonte, que é a letrinha que você lê. Outro truque é o da pirâmide invertida. Hein? Pense numa pirâmide invertida. Pensou? Agora imagine ela fatiada. Imaginou?

A primeira fatia, lá em cima, é a mais larga, mais grossa, mais suculenta. Hmmm...! Contém a parte principal da notícia, o filé. Título, subtítulo e primeiro parágrafo dão o recado. Tudo o que precisa ser dito está ali. A fatia logo abaixo, menos densa, repete tudo com outras palavras e acrescenta alguma informação menos relevante. E assim vai.

À medida que você desce, a importância dos parágrafos diminui. O texto que sobra no cumezinho da pirâmide lá em baixo é perfeitamente descartável. Todos os outros, com exceção dos primeiros, também. Moral da história: o jornalista escreve a síntese da notícia logo de cara e depois vai repetindo com outras palavras o que já disse.

No português do Dicionário Houaiss isso é chamado de tautologia, "o uso de palavras diferentes para expressar uma mesma idéia". Em português de açougue isso é encher lingüiça. Não entendeu? É dizer a mesma coisa de outra maneira.

Isso serve para facilitar na hora de podar a notícia e completar o quebra-cabeça da página. Chegou notícia de última hora para encaixar? É só podar as outras de baixo para cima que não vai fazer muita diferença. E o que isso tem a ver com você?

Bem, se não quiser perder tempo lendo jornal, leia apenas o título e um ou dois parágrafos para conversa suficiente para jogar fora na roda de amigos. Mas não é só o leitor avisado que está fazendo isso.

Toda essa nova geração de Internet que escreve 'você' como 'vc', 'teclar' como 'tc' e 'demais' como 'd+' também lê assim. E acha 'blz'. Essa geração é sintética na comunicação e não vai perder tempo lendo ou ouvindo aquele lero-lero da comunicação convencional.

Pra começar, a garotada que mamou no mouse não lê como eu leio. Aprendi a ler da esquerda para a direita e de cima para baixo. Letrinha por letrinha. Só que o cérebro não funciona tão linear assim. Ele processa um montão de coisas simultaneamente, umas aqui perto da orelha esquerda, outras lá sob aquela clareira no topo, e mais um bocado logo acima da nuca. E como você acha que o garoto da geração videogame lê páginas de Internet?

Não lê. Ele faz uma varredura aleatória e alternada, como se estivesse esperando um míssil sair do canto, um buraco surgir no piso da tela ou um caça aparecer no centro. Do jeitinho que o cérebro faz em uma tela multidimensional. E daí?

Daí que se você quiser se comunicar com a nova geração vai precisar criar mensagens coloridas, sintéticas e cheias de emoção. Vai falar e escrever com o grafismo de um videogame, o minimalismo de um chat e o romantismo de um arrepio. Ou seu cliente vai clicar na voz do concorrente.

Informação não é mais importante. Há toneladas dela disponíveis por aí. Virou commodity, carne de vaca, arroz de festa. O que importa agora é o que importa. O resto é cume de pirâmide invertida.

Mas não pense que mensagem sintética seja o mesmo que mensagem mutilada. Não é. Sua síntese deve conter todas as letras para evitar algum mal-entendido.

Nem imagino a crise conjugal que uma coluna social pode ter causado com a falta de uma letrinha -- um tesinho pequenininho assim, ó. Sob a foto de uma sorridente futura mamãe que aguardava a chegada do encantador filhinho Rodrigo, vi uma legenda que dizia:

"Verônica aguardando ansiosa a chegada do encanador Rodrigo".



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O 8º Hábito: da Eficácia à Grandeza - STEPHEN R. COVEY

Hoje em dia, não basta somente ser uma pessoa ou uma organização eficaz, mas são necessárias a realização, a execução apaixonada e a contribuição significativa, em uma ordem de grandeza e dimensão diferentes.
Os sete hábitos para as pessoas altamente eficazes continuam relevantes mas Covey afirma que os novos desafios e a complexidade com que nos deparamos em nossas vidas e relacionamentos pessoais, em nossas famílias, em nossas vidas profissionais e em nossas organizações são de uma ordem de grandeza diferente e exigem uma nova atitude mental, uma nova habilidade, um novo conjunto de ferramentas... um novo hábito. Esse 8º Hábito é o de encontrar a própria voz e inspirar outros a encontrar a deles.

Há um anseio profundo, inato, quase inexprimível dentro de cada um de nós para encontrar a própria voz na vida. O propósito deste livro é dar ao leitor um mapa do caminho que o leve dessa dor e frustração à verdadeira realização, à relevância, ao significado e à contribuição no novo panorama de nossos dias - não apenas no trabalho e na organização, mas em toda sua vida. Em resumo, ele o conduzirá até encontrar sua voz. Se o leitor assim quiser, ele também o levará a um grande aumento de sua influência, qualquer que seja sua posição - inspirando outros a quem prezamos, sua equipe e sua organização a encontrarem suas vozes e aumentarem várias vezes sua eficácia, crescimento e impacto. O leitor descobrirá que essa influência e essa liderança nascem da escolha, não da posição ou do status.

O DVD que acompanha o livro inclui uma série de filmes curtos, muitos dos quais mereceram prestigiados prêmios nacionais e internacionais, e permitirão ao leitor ver, sentir e entender melhor o conteúdo do livro.
Inclui DVD


E a gorjeta, doutor?

Como escrever em "n" licoes

Quer escrever um best-seller? Então crie um título começando com um número. Como? Oras, você já deve ter visto um montão deles por aí. Geralmente são livros de auto-ajuda, do tipo faça você mesmo, ou até de comunicação canina, como "100 Perguntas Que Seu Cão Faria ao Veterinário".

Há títulos para todos os gostos, mas basta ler um para não sobrar tempo para coisa alguma: "1000 Lugares para Conhecer Antes de Morrer". Se você tiver a minha idade é melhor pular o índice, prefácio e dedicatórias, ou vai morrer antes de terminar.

Se for a esses lugares viajando à pé não vai precisar ler os "1000 Truques Para Manter a Forma" e bastará uma ida ao banheiro para conhecer os "5 Princípios Infalíveis de Sucesso para Executivos" ou os "7 Segredos da Mulher de Sucesso". Se você for mulher vai precisar ler ambos, o que eleva para doze o número de coisas que precisa conhecer.

Os títulos acima fazem você pensar que é mais fácil ter sucesso do que perder peso, não é mesmo? Mas a boa notícia é que bastam "5 Minutos por Dia para Manter-se Fisicamente em Forma". Já que vai ter tempo de sobra, por que não reserva "10 Minutos para Aprender Excel para Windows"?

Mas você não conseguirá fazer isso no consultório do médico que leu "Consulta Médica em 5 Minutos". É melhor fazer em casa, onde você também poderá entender "Bohr e a Teoria Quântica em 90 Minutos" e ainda sobrarão "30 Minutos para Resolver Aquele Problema". É claro que esse tempo todo é para uma pessoa normal. Já se você for "O Gerente Minuto"...

O objetivo de títulos assim é criar uma imagem simplista das coisas, enumerando, classificando e compartimentando assuntos complexos em fórmulas fáceis e sedutoras. Quem não gostaria de emagrecer em 5 minutos, aprender Excel em 10 e Teoria Quântica em menos de duas horas? Não sei qual é o seu problema, mas quanto você não pagaria para resolvê-lo em meia hora?

Um livro não é necessariamente ruim se tiver números no título. É comum o título ser escolhido pelo editor para vender mais. Alguém me emprestou "As 22 Consagradas Leis do Marketing" e adorei. Deve ser tão bom quanto "Os 100 Segredos das Pessoas Felizes", que não li, e "Os 7 Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes", que também não li. O primeiro eu li porque alguém quis me emprestar; os outros eu não li porque não tive vontade de comprar.

É que sou avesso a coisas tipo receita de bolo. Nem tudo é tão simples que possa ser ensinado com um "A, B, C" ou "1, 2, 3", tipo capa de revista feminina com "Dez Passos Para Manter um Relacionamento". Sei... Na vida real não há sapato que chegue, tantos são os passos. Como dizia meu pai, o casal precisa fumar um rolo de fumo e comer um saco de sal, só pra começar.

Por isso quando alguém me procura pedindo dicas de como escrever um livro, fico sem saber o que dizer. Gosto do conselho de um escritor ao seu filho às voltas com uma redação sobre pássaros para entregar ontem. Diante de uma pilha de livros sobre aves e olhando para a folha em branco, ouviu seu pai aconselhar: "Um pássaro de cada vez, filho, um pássaro de cada vez". Hoje "Bird by Bird: Some Instructions on Writing and Life", de Anne Lamott, irmã do garoto, é best-seller nos EUA.

Mas não era sobre escrever ou publicar a dúvida da pessoa que me procurou no final de uma palestra. Ela queria saber como garantir seus direitos autorais e registrar seu título antes que roubassem sua idéia. Dei alguns conselhos e, tamanha era sua preocupação com plagiadores, gatunos e piratas, que achei estar diante de uma nova J. K. Rowling.

Quis saber sobre o conteúdo do livro. Ela não tinha a menor idéia, pois nem sequer tinha começado a escrever. Mas estava toda orgulhosa do título estar prontinho para ser registrado. Não me lembro se começava com algum número, mas lembro de ter contado até dez.



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Bird by Bird: Some Instructions on Writing and Life (Paperback) - by Anne Lamott

"Thirty years ago my older brother, who was ten years old at the time, was trying to get a report on birds written that he'd had three months to write. It was due the next day. We were out at our family cabin in Bolinas, and he was at the kitchen table close to tears, surrounded by binder paper and pencils and unopened books on birds, immobilized by the hugeness of the task ahead. Then my father sat down beside him, put his arm around my brother's shoulder, and said, 'Bird by bird, buddy. Just take it bird by bird.'"

Think you've got a book inside of you? Anne Lamott isn't afraid to help you let it out. She'll help you find your passion and your voice, beginning from the first really crummy draft to the peculiar letdown of publication. Readers will be reminded of the energizing books of writer Natalie Goldberg and will be seduced by Lamott's witty take on the reality of a writer's life, which has little to do with literary parties and a lot to do with jealousy, writer's block and going for broke with each paragraph. Marvelously wise and best of all, great reading.


E a gorjeta, doutor?

Afinal, quem é Persona, eu ou você?

Um amigo comentou uma crítica do colunista da VEJA, Diogo Mainardi, sobre... bem, qualquer coisa que ele tenha criticado, não importa o quê. Por que não importa? Porque é a forma, não o conteúdo, o meu assunto aqui. E neste caso tudo se resume numa só palavra: Persona. Eu? Não, a máscara. Aquela do símbolo do teatro, ora triste, ora alegre.

Diogo criou sua persona porque gostamos do doce humor, mas também queremos o azedo furor. Assim sensibiliza amigos e inimigos com drama, romance e comédia. Vive de fazer arte com sua arte na grande mídia, onde o que não sangra não vende. Então não leio um jornalista, leio um artista.

Divirto-me com seu estilo, aprendo com seu raciocínio, desvendo as suas premissas. E a cada dia fico mais desconfiado de tudo o que leio ou escrevo. Porque assim como adotamos papéis na sociedade, o escritor também adota uma persona que é de rir, chorar ou apaixonar.

O colunista é tendencioso? Oras, não há quem não seja, principalmente comentaristas. Achamos a imprensa legal se for imparcial, o que é impossível uma vez que se escolheu o que publicar ou não já tomou partido, já é meteu a mão.

Há quem pergunte se minhas histórias são reais ou inventadas. Todas são reais, todas inventadas. Como assim? Bem, eu as pego reais em branco e preto, trabalho as cores, amplio os detalhes e crio a moldura. Enquanto vou perguntando, como faz o oculista, "Melhor assim ou assim?", troco as lentes dependendo da resposta dos clientes. Como nos filmes que avisam: "Baseado em fatos reais". É só baseado.

A diferença entre um escritor, um ator e você está só no público que quer impressionar. No trabalho você é uma persona, na escola é outra, na casa da sogra a máscara fica ainda maior em início de namoro. Ou você não se lembra do primeiro jantar e do que disse da língua com quiabo que a mãe da musa serviu? Delicioso!

Uma vez escrevi sobre Bree, o fenômeno LonelyGirl15, a adolescente que cativou milhões com sua novelinha na telinha. Algum tempo depois a suposta "Bree" revelou sua real persona, quiçá outra, chamada Jessica Lee Rose. Uma garota querendo ser atriz, criada por dois garotos querendo ser cineastas. A julgar pela audiência, agora são.

Milhões de adolescentes se decepcionaram com a revelação, mas o que se espera de atores, roteiristas e diretores? Que sejam convincentes. Quer mais convincente do que ter feito o mundo pensar que a trama era real? Sabe o que acontece agora se um deles bater na porta do cinema ou da TV? É atendido na hora. Sabe quanta gente está batendo por aí de currículo debaixo do braço?

É por isso que é preciso criar a persona que irá convencer seu mercado a querer o que você tem para oferecer. Mas sua persona precisa ser real o suficiente para encontrar uma cara metade no público, como fez LonelyGirl15 no papel em que muita menina gostaria de atuar e muito menino de namorar. Convenceu.

Mas esse atuar é um contrato de mão dupla. Se a anfitriã perguntar se estou gostando da festa com música alta e comida horrível, as convenções sociais exigem que minha persona do momento diga que sim. Ela sabe que só fui delicado. Eu sei que ela sabe. Nós dois sabemos. Mas podem ocorrer equívocos.

Já idoso, o comediante Milton Berle se apresentava em um asilo na Flórida, achando que ali fosse famoso. Uma senhora desdenhou de suas piadas e ele, indignado, contestou:

-- Por acaso a senhora sabe quem eu sou?

-- Não, mas se você perguntar na recepção tenho certeza de que eles poderão ajudar.



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No Tempo em que a Televisão Mandava no Carlinhos... - RUTH ROCHA

O Carlinhos tinha mania de ir atrás de tudo o que aparecia na televisão: achocolatado da Miúcha, milquecheique do Bubu, biscoito do Xuxu. Tudo o que ele via anunciado pela televisão ele queria... Acho que ele nem sabia se era gostoso ou se era uma porcaria. Era só mania de ir atrás do que a televisão diz. Aí, aconteceu que engordou e ficou parecendo uma bola.

O Carlinhos era chamado de “Bola, Bolinha, Bolão, Bolacha, Gordo, Batata”. Quando viu um anúncio de uma tal de Gororoba Dois Mil para emagrecer, encomendou rapidinho. Emagreceu...só que depois ficou doente e deu um susto na família toda. No final do livro: O Pequeno Dicionário do Consumidor - com termos utilizados na TV, rádio, jornais e revistas. Do livro: “É crime criar propagandas ou anúncios que se aproveitem da falta de experiência da criança, desrespeitem valores ambientais ou que levem o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança.”


E a gorjeta, doutor?

Inovacao do outro mundo

Peter Druker: "Um negócio tem duas funções básicas: marketing e inovação. Marketing e inovação produzem resultados, o resto é custo". De marketing eu e você já estamos carecas de escutar, mas e de inovação? O assunto é novidade pra muita gente. E nem poderia ser diferente.

Quando foi a última vez que você inovou? Pode dar um exemplo? Demorou? Então é bom correr inovar. Não se preocupe -- ou se preocupe --, isso é comum à maioria das pessoas, negócios, empresas e até palestrantes. Falta tanta inovação que outro dia, acertando os detalhes de minha palestra com o diretor de uma empresa, ele suplicou:

-- Por favor, prometa que você não vai falar da TAM. Não aguento mais! Todo palestrante brasileiro só fala da TAM. Será que ninguém mais inovou no Brasil?

Concordo. Não é comprando um Airbus ou colocando um tapete vermelho na porta que a empresa vai inovar. Mas o valor do exemplo está no conceito, não na coisa em si. Porque se alguém tentar copiar o que o inovador fez deixa de ser inovação, concorda?

Inovar não é copiar. Inovar é sair fora do círculo de ação da competição e criar seu próprio mercado, seus próprios clientes, seu próprio futuro e seus próximos concorrentes. Inovar é desbravar novos territórios como faziam os Bandeirantes no Novo Mundo.

O problema é que inovar fica difícil se você achar que pode continuar fazendo o que faz, do modo que faz e para quem faz sem prazo para terminar. A falta de visão e previsão é o que leva a vaca pro brejo. O jeito é puxar as rédeas e mudar de rumo. Vaca não tem rédeas? Bem, então inove e coloque rédeas nela. Se você não guiar a Mimosa, quem vai guiar?

É aí que vem a confusão. Há dois tipos de inovadores: o que desbrava, como faziam os Bandeirantes, e o que vem atrás colonizando. O primeiro é aventureiro, sonhador, idealista. O segundo é pé no chão, racional, realista. Um precisa do outro e ambos criam o novo realizável. Se deixar só para o primeiro, no máximo vai sair uma obra de ficção. Se deixar para o segundo, ele vai achar que vender cigarros é um negócio de futuro.

E foi justamente o exemplo de uma tabacaria que a jornalista deu, quando me entrevistou sobre negócios que estão virando fumaça. O que um dono de tabacaria deveria fazer? Na minha opinião, apagar o cigarro, porque daqui a pouco vai ser social, ecológica e politicamente incorreto fumar até em incêndio.

Alguns ainda acreditam poder sobreviver vendendo jogos de tabuleiro, canetas tinteiro e canivetes suíços. Oras, cigarro é venda de volume e ainda que produtos assim pareçam preservar o clima de tabacaria, o negócio é completamente diferente. Salvo algumas lojas de elite, que sobreviverão, o resto já viu dias melhores. Sabe o que eu faria se fosse dono de tabacaria? Foi também o que a jornalista perguntou e quis saber.

Eu abriria uma loja de alimentos naturais, um restaurante vegetariano, uma farmácia de fitoterápicos -- qualquer coisa diametralmente oposta à mensagem que hoje é lei em qualquer ponto de venda de tabaco: O último que fumou... foice!

Ok, foi mal. Agora sério: uma tabacaria que muda para virar um templo de saúde vira notícia. Uma tabacaria que muda só para vender jogos de gamão vai ficar na mão. Ai! Outro trocadilho infame!

Mas fica aí a idéia, se você pretende inovar faça algo para ser notado, vá "explorar novos mundos, pesquisar novas vidas, novas civilizações, audaciosamente indo aonde nenhum homem jamais esteve".

Tá, eu confesso. Acabei de copiar a abertura da série Star Trek - Jornada nas Estrelas. Nem eu fui capaz de inovar aqui, nem o Capitão Kirk ali. Por que? Oras, mesmo com uma declaração de missão tão bonitinha, reparou que sempre que eles iam a algum lugar -- "onde nenhum homem jamais esteve" -- já tinha alguém lá?




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Gigantes das Vendas - RAUL CANDELORO, LUIS PAULO LUPPA

Livro inédito que reúne as dicas e conselhos dos 50 maiores nomes em vendas no Brasil. Segundo experientes empresários, a área mais importante de uma companhia é a de vendas - mais até do que a presidência. A edição é histórica, já que nunca tantos nomes estiveram reunidos numa única obra.

Quem está no livro:
Alberto Centurião / Ana Maria Monteiro / Antônio Braga / Antonio de Jesus Limão Ervilha / Carlos Hilsdort / César Frazão / César Romão / Ciro Bottini / Cláudio Diogo / Cláudio Tomanini / Edmour Saiani / Eduardo Botelho (in memoriam) / Eduardo Kirmayr / Erik Penna / Eugênio Sales Queiroz / Evaldo Costa / Fernando Lucena / Francisco Alberto Madia / Hamilton Bueno / Idalberto Chiavenatto / João Alberto Costenaro / João Baptista Vilhena / José Luiz Tejon / José Teofilo Neto / José Zetune / Lair Ribeiro / Luis Paulo Luppa / Luiz Augusto Costacurta Junqueira / Luiz Alberto Marinho / Marcelo Caetano / Marcelo Pinheiro / Márcio Miranda / Marco Aurélio Vianna / Mário Persona / Maurício Góis / Moacir Moura / Ômar Souki / Paulo Angelim / Paulo Araújo / Paulo Ferreira / Paulo Roberto Kendzerski / Pio Borges / Prof. Gretz / Prof. Menegatti / Raúl Candeloro / Sérgio Almeida / Sergio Buaiz / Sergio Dal Sasso / Takeshi Jumonji / Tom Coelho.


E a gorjeta, doutor?

Sem legenda

Conhece alguém com pós-graduação e sem um segundo idioma? Conheço muitos assim, gente que só entende inglês com legenda. Erraram na prioridade. Antes até da pós-graduação, saber outro idioma é condição para se obter uma boa colocação.

Quem vai contratar alguém com MBA que não sabe traduzir "Master in Business Administration"? Isso só para falar do inglês que é para o mundo ver. Tem ainda o espanhol dos hermanos ao lado e o mandarim que chinês falava para vender pastel e hoje fala para vender até quibe para libanês.

Na Inglaterra já tem até escola fazendo do mandarim matéria obrigatória, enquanto a China caminha para se transformar na maior população falando inglês fora do império onde o sol nunca se põe. Shakespeare podia até aceitar que Julieta fosse interpretada por um homem no teatro da época, mas dificilmente engoliria isso.

Em 1972 comecei — e nunca mais parei — a aprender inglês graças a um programa que enviava jovens para estudar nos EUA e trazer calças Lee para parentes e amigos. Fui, mesmo sendo zero à esquerda em inglês. O programa era assim, você pagava, fazia um exame rigoroso para provar que sabia inglês e, se o cheque não voltasse, estava aprovado.

Quando cheguei lá procurei a legenda nos pés dos americanos e não encontrei. Como o espanhol ainda não era o idioma predominante lá, entrei em pânico. Passei a responder "Yes" ou "No" aleatoriamente para tudo que fosse parecido com pergunta e, dependendo da cara que a pessoa fazia, eu trocava "Yes" por "No" e vice-versa. E fui levando.

Meu maior vexame pedir para ir ao banheiro durante a aula. Achava que era só levantar a mão e dizer "WC", que era o que aparecia escrito nas portas daqui. Já tentou pronunciar "W" em inglês? A aula parou e passei uma eternidade tentando explicar para a professora o que eu queria fazer sem apelar para a linguagem corporal. Enquanto a classe ria a bexiga sofria.

Como detestava gramática decidi aprender inglês imitando. Até ganhei um concurso com uma poesia publicada no "1972 Anthology of Selected High School Essays". Voltei fluente no idioma e virei intérprete e tradutor. Em 1978 traduzi o primeiro livro, de graça, quando ainda era universitário.

O livro era sobre parto natural, publicado por uma comunidade hippie em Nashville. Felizmente a editora preferiu publicar a tradução de outro voluntário que era médico e conhecia melhor o vocabulário. Com minha pouca experiência existia o risco de alguma leitora-mãe jogar fora o bebê e criar a placenta.

Desde então traduzi vários artigos e livros, mas continuo aprendendo, porque no aprendizado não existe ponto final. "Desconfio do tradutor que se gaba de transportar qualquer texto de uma língua para outra à primeira vista, com facilidade igual, sem jamais recorrer aos dicionários. O máximo que ele deve aspirar não é saber de cor uma língua estrangeira (pois nunca se chega a conhecer a fundo nem sequer a materna) e sim a adquirir um sexto sentido, uma espécie de faro, que o advirta de estar na presença de uma acepção desconhecida de uma palavra, ou então de uma locução de elementos inseparáveis intraduzível ao pé da letra, idiomatismos que fazem parte do lastro de ouro de uma língua estrangeira", escreveu Paulo Rónai no livro "A Tradução Vivida".

A segunda coisa que aprendi nos EUA e me ajuda até hoje é digitação. Na época o nome era datilografia, praticada em um aparelho chamado "máquina de escrever", uma espécie de processador de textos com monitor de papel. Os mais velhos conhecem.

Como aconteceu com o inglês, saí de lá sem ter aprendido tudo de datilografia. Teclas de acentos, porque lá não existiam, e números, porque faltei à aula. Por isso até hoje olho para o teclado na hora de digitá-los. Mas pelo menos sei o que quer dizer MBA e não preciso olhar nos pés de quem fala inglês para procurar pela legenda.

Eu em aula de datilografia na McAuley High em Joplin, MO, 1972.



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Como Fazer uma Empresa Dar Certo em um País Incerto - INSTITUTO EMPREENDER ENDEAVOR

Como fazer empresas darem certo em um país incerto como o nosso? Esta é a questão que este livro responde, visando a atacar as raízes do mal que aflige o empreendedorismo brasileiro. Este livro faz uso de muitos exemplos de empreendedores, mesclando histórias de gente famosa com outras protagonizadas por pessoas desconhecidas do grande público, aproximando os relatos da realidade de quem está começando ou não conta ainda com uma empresa renomada.

Consolidando todo esse conhecimento acumulado, este livro serve como um verdadeiro guia para qualquer empreendedor, de qualquer área, pontuando os obstáculos que podem surgir ao longo de um caminho raramente fácil e mostrando formas e contorná-los. Os relatos foram organizados de forma a oferecer suas melhores contribuições nas áreas como gestão, pessoas, dinheiro, sociedade e comunicação, acompanhando o empreendedor desde a abertura da empresa até seu eventual, e por vezes necessário, fechamento.


E a gorjeta, doutor?

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