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O candidato seria melhor se estivesse mais solto no debate

Debates, entrevistas e pesquisas apontam como preferido um ex-presidente cujos ministros e assessores foram praticamente todos processados ou presos por corrupção (se fosse diretor de empresa teria sido preso pela Lei Anti-Corrupção, pela qual o administrador responde por desvios da empresa).

Neste cenário não posso deixar de pensar com meu lado comunicador e concluir: Com tantos candidatos ruins de comunicação e imagem, qualquer um com um bom marketing pessoal matava no pleito. Daí a preferência esmagadora pelo Lula, pela mesma razão que o povo enche as mega-igrejas apesar de existir tanta informação de descalabros praticados por seus milionários pastores. Quem está ali gostaria de ser como eles, morar em mansão, andar de carrão e viajar de avião.

Em 2006 fiz uma análise, não política e nem partidária, dos candidatos, apontando pontos positivos e negativos da imagem de cada um e o que ela gerava nos eleitores, principalmente naqueles que nada tem e querem ter alguma coisa. Como a política brasileira é feita de mesmices, algumas figurinhas de álbuns passados enfeitam as páginas do atual.

Naquela época a terceira candidata que analisei era Heloísa Helena, mas tudo nela é igual à Marina, então só vou trocar o nome para esta nova versão da mesma versão de minha análise. Nesta análise não entram os novos candidatos, mas basta ver que alguns deles podem ter qualidades, mas comunicação não é uma delas. Quem conhece a minha fé também sabe que acho patético alguém usar o nome de Cristo para se eleger. Comer pastel em feira, carregar criança de fralda vencida e distribuir pão com mortadela ainda vai, mas usar o nome de Deus?

Mas vamos à análise da comunicação e imagem das figurinhas repetidas:

Candidato 1 (o menos solto nos debates atuais): Toda a lista de coisas que Lula é ou faz é objeto de desejo do brasileiro. Alguém que saiu do sertão e, sem estudar, chegou ao cargo máximo da nação, dá água na boca de qualquer um na fila. Seus oponentes apenas fazem o eleitor salivar quando descrevem em detalhes as mordomias do cargo.

Já pensou ter avião de luxo? Morar num palácio? Conhecer o mundo com tudo pago? Como é o nome daqueles programas? Cinderela... Princesa por um Dia... Show do Milhão... não importa. Ele chegou lá sem a ajuda dos universitários.

O que? Isso é feito com o dinheiro de impostos? E daí?! A maior parcela da população nunca soube o que é entregar uma declaração. No máximo se declara isenta na loteca para não perder o CPF. E já que está na loteca, que tal fazer uma fézinha com o que recebeu do bolsa família?

Candidato 2: Alckmin é muito certinho, arrumadinho, penteadinho e fala como professor. Ninguém gosta de professor assim. Todo mundo gosta de professor escachado, engraçado, que fala gíria. O candidato tem um perfil lógico e racional, portanto fala para cérebros, algo não muito em voga hoje em dia.

Seu adversário é um contador de histórias que fala para o coração, como faz a novela. Alckmin é TV Cultura e Lula é novela, com moça pobre e galã rico. Pergunta o que o povo prefere assistir. Alckmin representa o real, o cinza e racional. Lula representa o virtual, o sonho, sedutor. O primeiro é o médico que chegou a governador. Grande coisa -- dirão alguns. O segundo é o retirante que chegou a presidente. Uau! Eu também quero! -- dirá a maioria.

Candidata 3: Se a Marina Silva tivesse uma boa assessoria de comunicação sairia vestida e produzida com roupas caras, cabelo oxigenado, maquiada e sorridente. Deixaria os outros na poeira, conquistaria o eleitorado feminino e ganharia a eleição. Seria uma Marta Suplicy versão light. Ela é mais magra, não é?

Mas do jeito que ela aparece por aí, sua imagem não é o que as mulheres gostariam de ser ou de ver na presidência. Cara de sofredora, cabelos embaraçados, é o que a mulher comum já vê todos os dias quando olha no espelho. Ela quer alguém que mostre uma outra vida. Marina não está mostrando. Não entendeu que comunicação não trata com realidades, trata com aspirações. As pessoas não elegem alguém para estar lá, mas alguém que gostariam de ser lá.

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Concluindo, como dizia o carnavalesco Joãozinho Trinta, quando indagado do fracasso de uma novela (acho que era TV Manchete) que mostrava a vida na favela, comentou: "Quem gosta de pobreza é intelectual. Pobre gosta mesmo é de luxo".

E eu acrescentaria que, para um país onde Macunaíma é herói, Zé Carioca vive bem sem trabalhar, e a única lei que todos respeitam é a Lei de Gérson, ninguém quer presidente que seja realmente a alma mais honesta deste país. O que todo mundo quer é um que tenha peito para dizer: "Não tem uma viva alma mais honesta do que eu neste país". Afinal, não é isso que eu e você pensamos bem lá no fundo de nós mesmos? Eu mesmo sou um que sempre digo para meus botões: "Não tem uma viva alma mais honesta que eu e aquele ex-presidente".

Mario Persona é palestrante de comunicação, marketing e desenvolvimento profissional. Seus serviços, livros, textos e entrevistas podem ser encontrados em www.mariopersona.com.br

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