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Sopa de Letras Virtuais

Escrever um livro. Quem nunca pensou nisso? “Todo homem deveria ter um filho, plantar uma árvore e escrever um livro”, e toda mulher também, , diz um provérbio chinês de autor desconhecido. . Se tivesse escrito um livro, ele não seria um autor desconhecido, mas escreveu só um provérbio. Ainda que tenha plantado uma árvore (mesmo que só cuspindo um caroço) ou multiplicado filhos (lembre-se, ele era chinês, entendia do assunto) faltou o livro para ficar conhecido. Publicar teria garantido publicidade.

Não me pergunte por que ele não escreveu um livro. Talvez tenha vivido antes da invenção do papel. Ou sofresse de L.E.R., a “Lesão por Esforço Repetitivo”, que aflige tantos digitadores. Algo compreensível para chineses, cujas máquinas de escrever chegavam a ter 5.700 caracteres e um teclado com um metro de largura. Datilografando a onze palavras por minuto, só dava mesmo para escrever um provérbio. E voltar à fisioterapia.

Com tantas dificuldades encontradas por nosso proverbial amigo, você há de concordar que escrever um livro em português é barbada. E é isto que proponho que você faça. Não precisa ser um clássico, daqueles que todo mundo gostaria de ter lido, mas não de ler. Sugiro que escreva sobre aquilo que você sabe fazer melhor. Não, você não entendeu. Esqueça escrever sobre como ter filhos, qualquer analfabeto conhece a técnica. Esqueça também escrever sobre plantar árvores. Hoje ninguém quer arriscar fazer isso. Se o fiscal do IBAMA pega você com a muda na mão, pode pensar que estava arrancando.

Escreva um e-book ou livro eletrônico, para distribuir na Web e fazer publicidade de seu negócio. Esqueça o papel. Tudo digital. É mais difícil de ler, mas tem a vantagem de não encalhar nas prateleiras. Para garantir ainda mais, escreva algo sobre o fracasso. Afinal, se um livro sobre fracasso não vender, não terá sido um sucesso?

Outra dica é escrever livros de autoajuda. Mas sugiro que crie um site bem complicado para distribuí-lo. Faça uma página bem pesada, que demore um século para carregar e exija um plug-in de travar o micro; esconda o botão “Comprar” e no formulário de pedido exija a data de nascimento, RG e CPF da avó de sua sogra. Dificulte ao máximo, assim se o cliente conseguir encontrar sozinho seu livro de autoajuda é provável que já não vá precisar dele.

Mas não falo de livros para vender, e sim para se promover. O custo de produção de um livro eletrônico é praticamente zero, portanto tempo é tudo o que você precisa investir. Se não tiver tempo, sugiro que comece lendo um livro sobre administração do tempo, que é o que pretendo fazer assim que sobrar um tempinho.

Se decidir escrever, escolha um tema, divida-o em tópicos e preencha as lacunas com informação útil. Se faltar talento, contrate alguém para ajudar. É o que fazem os artistas: contratam um ghostwriter, ou “escritor fantasma”, para escrever suas biografias, sejam elas autorizadas ou não. Ghostwriters escrevem autobiografias para os outros, mesmo depois de mortos. Mas não se assuste. Um ghostwriter é mais vivo do que você pensa.

Lembre-se de colocar uma bela propaganda logo na primeira página. Depois você pode converter seu texto para o formato PDF, e-Pub ou Mobi, que são formatos “fechados”, e disponibilizá-lo para download grátis em algum site na Web. Em pouco tempo você terá muita gente pegando seu livro e enviando para amigos nas redes sociais ou por e-mail, os quais talvez só leiam a primeira página. Mas não foi nela que você colocou sua propaganda? Missão cumprida, então!

Se as pessoas irão ler seu livro, é outra história. A maioria não lê o que pega na Internet, e só pega para mandar para os amigos. Até George W. Bush, confessou: “Não leio livros, mas tenho amigos que leem”. Então pense nos amigos que enviam para outros amigos, e crie uma resenha do assunto logo no início. Muitos só leem as resenhas e “orelhas” dos livros, pois ali está tudo o que alguém precisa saber para se fazer passar por intelectual.

Finalmente, não se esqueça de fazer uma dedicatória. Dedique seu livro a mim, que dei estas dicas. Ou à sua esposa, como fez Albert Malvino, autor de livros de eletrônica: “Este livro é dedicado à minha brilhante e maravilhosa esposa, sem a qual eu não seria nada. Ela sempre me conforta e consola, nunca reclama ou interfere, nunca pede coisa alguma e suporta tudo. Ela também escreve minhas dedicatórias.”.

Mario Persona é palestrante de comunicação, marketing e desenvolvimento profissional. Seus serviços, livros, textos e entrevistas podem ser encontrados em www.mariopersona.com.br

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