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A macarronada "al pesto" de ontem estava deliciosa. O problema foi que já acordei indisposto. E ela, a macarronada, resolveu conversar comigo depois do almoço. Podia sentir cada fio de macarrão fazendo incursões em minha garganta e suplicando: "Deixe-me sair!"

Não sou desses que cedem ao primeiro apelo. Por isso lutei para que ficasse. A macarronada tinha sido gostosa demais para eu deixá-la sair sem mais nem menos. Engraçado é que quando fiquei indiferente -- ela que fosse embora se quisesse -- resolveu fincar o pé.

Não dava mais tempo de ficar discutindo, pois precisava visitar um cliente. Cheguei na empresa carregando um vulcão no ventre. A tarde inteira em reunião discutindo os problemas de um projeto com mais três pessoas e uma macarronada.

A boca eu abria só para o necessário. Havia o risco do desnecessário vir à tona. "Glub... Glub..." As bolhas chegavam à garganta e eram liberadas com a placa multimídia desligada, para ninguém escutar o som de rasgo em tecido roto. Fui ao banheiro, não por causa da macarronada, e vi um ET no espelho. Verde.

Consegui. Ela ficou comportada durante a reunião. Saí no final do dia com os problemas resolvidos e a mesa limpa. Enquanto a macarronada tentava teimosamente encontrar um caminho por cima. Disse a ela que fosse por baixo, que o caminho era mais curto. Ela obedeceu.

Nem de paletó eu estava na reunião. Se estivesse, podia usar o estratagema de um amigo de meu pai, de seu tempo de jovem e dos bailes com sanfoneiro. O sujeito bebera demais e tirou uma donzela para dançar. Ela, com o queixo em seu ombro, ele com o queixo no ombro dela. Pinga e cerveja conversando, a três, com o bolinho de carne de gato. Adivinha.

Como a boca já estava perto da abertura da manga do paletó, da mão que segurava a mão da mocinha, ele nem se preocupou. Encostou a boca na manga, fez o serviço da maneira mais silenciosa possível, pediu licença à donzela, e caminhou tranqüilo para o banheiro. Com o braço levantado.

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