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Estamos contratando Bob Esponja

Não só Bob, mas Zeca Esponja, Maria Esponja e Dito Esponja. As empresas só deviam contratar Esponjas, porque são profissionais assim que fazem a organização brilhar. Não importa se é de bucha, borracha ou aço, desde que tenha mil e uma utilidades.

Não sei se o Bob Esponja do desenho tem algo a ver com o que vou escrever. Só o vi numa escala de um de meus vôos intercanais. Tudo o que sei é que o Bob Esponja da TV mora num abacaxi e trabalha em um fast-food submarino que deixa os clientes literalmente com água na boca.

Então esqueça o Bob da TV e vamos ficar só com o Esponja profissional. Se é amarelo como o Bob? Eu disse para esquecer o desenho, mas já que perguntou, não importa. Aliás, essa é uma das qualidades do Esponja. Pode ser de qualquer cor e conviver bem com todo mundo porque sabe respeitar a diversidade de um mundo globalizado. Quer mais?

Ele não precisa de cartilha para ser politicamente correto, e nem do IBGE para saber a porcentagem de melanina necessária para ser brasileiro. Tampouco olha com dó ou asco para portadores de necessidades especiais, pois sabe que há flores com mais ou menos pétalas, todas belas. Tenho dois filhos brancos e um negro, com diferentes números de pétalas, portanto entendo do assunto. Só não me preocupo em contar pétalas. Todas são "bem-me-quer".

De volta ao Esponja, ele tem outras qualidades. Uma é sua capacidade de absorver, principalmente na hora do aperto. Como em qualquer empresa tem a hora do aperto, do sabão e do esfregão, o Esponja se dá bem no pedaço. As circunstâncias que espremem são as mesmas que permitem ao Esponja sair crescido da adversidade. Ele é flexível, ou como diriam os eruditos de Talentos Humanos, resiliente.

Resiliência é a capacidade elástica de voltar ao estado original após sofrer uma deformação. Há quem goste de usar o termo no sentido de pessoas capazes de suportar a carga de três que foram dispensados para reduzir custos. Não é bem isso. É flexibilidade, para se adaptar rapidamente às situações, mas também é memória do estado original para conseguir voltar.

Memória do estado original é importante, para o profissional não abrir mão de seus valores essenciais. Quando, aos dezesseis anos, fui morar nos EUA via programa de intercâmbio cultural, no aeroporto perguntei à minha mãe o que ela queria que eu lhe trouxesse de presente na volta.

— O mesmo que está levando na ida — respondeu.

Antigamente o Esponja Furta-cor era bem-vindo no quadro de algumas empresas, mas hoje não. O Furta-cor — tipo tecido que muda conforme o ponto de vista — foi dispensado quando perceberam que quem furta, furta dos dois lados. Groucho Marx imitava esse tipo, quando dizia: "Tenho meus princípios. Se não gostar, tenho outros".

Como reconhecer um Esponja legítimo? Fácil, ele é o anti-herói. É frágil, flexível, cede sob pressão, se amolda, adaptando-se aos diferentes ambientes e atividades, não faz estardalhaço quando cai, é leve de levar e não gosta de sujeira. Por que não falei de conhecimento? Oras, ele sabe, mas não tudo. Está cheio de espaços vazios, ou não seria Esponja. Se souber tudo, como vai absorver o novo?

Agora, prefira o Esponja com duas texturas, uma para enfrentar a sujeira pesada e outra mais macia e suave ao toque. Tipo 2M — Motivado e Moderado. Porque se for motivado demais, pode riscar a imagem da empresa com sua inconseqüência. Moderado de menos é medroso, foge do risco. Então, aprecie a motivação com moderação.

Faltou alguma qualidade? Sim, inteligência é essencial. Falei de formação moral, agora falo de formação intelectual, capacidade de aprender, de discernir. Não é sinônimo de formação acadêmica. As melhores empresas foram criadas e são mantidas pelas pessoas mais inteligentes, não necessariamente pelas que têm mais diplomas.

Se tenho dados para afirmar isso? Bem, ouvi dizer que morre mais gente em acidentes causados por burros do que por aviões, mas acho que não é a estatística que você esperava. Basta um pouco de inteligência para entender que sem ela não há liderança.

A falta de inteligência leva à subserviência — não aquela de um serviço consciente, desinteressado e humilde, própria dos grandes líderes que lideram pelo exemplo. Falo da submissão pelega, sem caráter e medrosa, dos ratos que seguem o flautista de Hamelin até o afogamento. Que pessoas assim são exploradas, até o dito popular sabe e diz: "Enquanto existir cavalgadura São Jorge não compra motocicleta".



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O Poder da Camisa Branca®
Antonio Guerreiro Filho

Se você procura por um livro de gestão participativa e uma forma de fazer seus colaboradores vestirem a camisa, então não pode deixar de ler este livro: "O Poder da Camisa Branca® - Uma nova filosofia de gestão participativa", escrito por meu amigo Antonio Guerreiro Filho, que convidou-me para escrever o prefácio (infelizmente não fui rápido o bastante e a editora colocou um texto do próprio Guerreiro no lugar). Trata-se de um bem-sucedido caso de gestão participativa que transformou uma indústria de rodas do interior paulista em referência mundial.

Guerreiro foi um dos criadores da Fumagalli, a indústria de rodas que depois se transformou em Rockwell, depois Meritor e é atualmente Arvin-Meritor. Ele foi diretor de operações e diretor superintendente, antes de passar a viajar pelo mundo como consultor da Meritor para divulgar a Camisa Branca nas plantas desta indústria em todo o mundo.


Para quem já desconfia que nem tudo o que vem escrito em inglês é verdade, é bom conhecer uma filosofia de gestão participativa criada e implementada por brasileiros com sucesso e copiada pelo resto do mundo. O livro é da Editora Futura a organização e desenvolvimento do texto é da filha de Guerreiro, Márcia Guerreiro, editorialista do Estadão.

Camisa Branca® é marca registrada da ArvinMeritor.

E a gorjeta, doutor?

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