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Os 3 porquinhos

Era uma vez três porquinhos que viviam felizes na Floresta Encantada Ltda. Seus nomes eram Prático, Schweinchen Schlau e Cícero. Schweinchen Schlau é o Heitor na versão alemã. Decidi importá-lo para minha história fazer sentido. Ele era organizado, teórico e inflexível. Um bom administrador, porém vivendo no passado. Cícero, ao contrário, vivia no futuro. Sonhador e empreendedor, viajava pela Hellmann's Airlines. Já o Prático era... bem, ele era prático, oras! Vivia no presente.

Sagazes, os porquinhos perceberam que a tendência era a empresa livrar-se de tudo aquilo que não fizesse parte de seu core business, mandando muito mais do que três porquinhos de volta para casa. Alguns ficariam desempregados, outros terceirizados. Longe de significar uma ameaça, para eles era a realização do antigo sonho de viver sem emprego e sem patrão – iriam ser donos do próprio focinho.

Cada um saiu da empresa para se dedicar a projetos pessoais ou enfrentar novos desafios, como é costume dizer de executivos que perdem o emprego. Construíram cada um o seu home-office e, para afugentar o fantasma do desemprego, ouviam uma musiquinha em MP3 que baixaram da Internet. "Quem tem medo do Lobo Mau, Lobo Mau, Lobo Mau?".

Porém Prático logo percebeu que não era fácil tocar o próprio negócio no conforto do seu home-office de tijolos. Das oito horas diárias com direito a almoço e cafezinho que tinha no antigo emprego, passou a virar dezoito horas injetando café nas veias e colocando palitinhos nas pálpebras para o serviço ficar pronto para ontem. A tão sonhada liberdade virou pesadelo e ele acabou fazendo coro com Ataulfo Alves: "Eu era feliz e não sabia". De empregado passou a escravo.

Culpa do trabalho em casa? Não, culpa das habilidades que lhe faltavam para manter um negócio. No antigo emprego, Prático podia contar com o porquinho Cícero, sonhador e empreendedor, explorando tendências e criando novas oportunidades de negócios. Podia contar também com o suporte de Schweinchen Schlau, o organizado porquinho administrador. Só agora percebia a importância do administrador e do empreendedor trabalhando ao seu lado.

Antes, enquanto Prático executava o trabalho de rotina, eram eles que cuidavam do planejamento, desenvolviam novos produtos, compravam, vendiam, cuidavam da contabilidade, dos serviços bancários e até de providenciar que o café fosse servido e o lixo colocado na rua. Agora, adivinhe quem fazia o próprio café ou colocava o lixo na rua? Sem falar de comprar, vender, ir ao banco, manter a contabilidade em dia, atender ao telefone e buscar os leitõezinhos na escola. Prático entendeu que a expressão três em um não era marmelada.

Onde errou? Na verdade não errou, como não erra qualquer porquinho que sonhe ser dono de seu próprio negócio ou decida trabalhar em regime de home-office. A princípio Prático teve a visão e a motivação necessárias para começar, mas assim que a adrenalina secou ele voltou à rotina. Tinha que executar o trabalho e não sobrava tempo para ser, além de Prático, administrador e empreendedor. O cliente queria o serviço para ontem.

Sua empresa estava uma porcaria. O que fazer? Prático começou a pensar. Terceirizar! Foi a solução que adotaram na empresa onde trabalhou. Faria o mesmo. Contrataria fornecedores para os serviços que ele não podia, não sabia ou não queria fazer. Usando de tecnologia da informação, Prático criou uma estrutura que lhe permitisse trabalhar conectado e integrado à sua rede de fornecedores, clientes e parceiros.

Schweinchen Schlau foi o primeiro cujos serviços contratou. Confortavelmente instalado em um home-office de madeira, passou a cuidar das tarefas administrativos para Prático. Cícero foi o segundo, consultor de novas tendências de negócios, que de seu home-office de palha apontava para Prático os novos rumos e tendências. Os três tinham descoberto uma nova forma de se trabalhar.

E o Lobo Mau? Sabia que você ia perguntar. Bem, o Lobo Mau tem enviado currículos para diversas empresas, mas as portas não se abrem para ele. Deve ser por causa da idade, da falta de atualização ou por não falar inglês. Com o fôlego que tem, continua tentando. Até agora só recebeu resposta da Floresta Encantada Ltda. em um e-mail que dizia: "Lamentamos informar que o emprego que procura já não existe."

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